Quando as mãos
já alimentaram
todas as fomes
e os pássaros
já beberam
na fonte
recebo-te
em minha casa
neste bar de desterrados
e somos felizes
assim.
Maria José Meireles
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Improviso sobre a tristeza...
Há dias em que me entristeço
deixo-me conduzir por Piazzolla
e danço longamente comigo
um tango que parece apenas querer chorar
não tenho companhia para o espelho
não tenho companhia para a lágrima
e o violino sai para a rua sozinho
e eu saio com ele
atrás de uma memória de festas
que ainda não escrevi.
Ademar
deixo-me conduzir por Piazzolla
e danço longamente comigo
um tango que parece apenas querer chorar
não tenho companhia para o espelho
não tenho companhia para a lágrima
e o violino sai para a rua sozinho
e eu saio com ele
atrás de uma memória de festas
que ainda não escrevi.
Ademar
terça-feira, 28 de setembro de 2010
sábado, 25 de setembro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Salmão do Pacífico...
Raros são
os que morrem
exactamente
onde nasceram
morreste
para nascer em mim
como um filho
que nasce
ao contrário
e o cheiro da morte
espalha-se
como um sinal
de vida.
Maria José Meireles
os que morrem
exactamente
onde nasceram
morreste
para nascer em mim
como um filho
que nasce
ao contrário
e o cheiro da morte
espalha-se
como um sinal
de vida.
Maria José Meireles
Dissertação sobre um relógio sem ponteiros…
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Idade da inocência...
Falava
até sem pensar
não podia imaginar
que alguém
pudesse ouvir
e ser servida
não lhe cabia.
Maria José Meireles
até sem pensar
não podia imaginar
que alguém
pudesse ouvir
e ser servida
não lhe cabia.
Maria José Meireles
terça-feira, 21 de setembro de 2010
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Reencontro...
Tenho
para ti
um tempo eterno
e gratuito
volta
somente quando
não tiveres dúvidas.
Maria José Meireles
para ti
um tempo eterno
e gratuito
volta
somente quando
não tiveres dúvidas.
Maria José Meireles
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Segredo...
Há quem esconda
a beleza
há quem esconda
a feiúra
e há quem
simplesmente
se deixe existir.
Maria José Meireles
a beleza
há quem esconda
a feiúra
e há quem
simplesmente
se deixe existir.
Maria José Meireles
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
domingo, 12 de setembro de 2010
sábado, 11 de setembro de 2010
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Verdade...
Ela
sabia que era
muito pequena
que ninguém acreditaria
por isso calou
cresceu
falou
e ninguém duvidou
da sua palavra.
Maria José Meireles
sabia que era
muito pequena
que ninguém acreditaria
por isso calou
cresceu
falou
e ninguém duvidou
da sua palavra.
Maria José Meireles
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Tranca...
Ela sentiu-se
desarmada
como um homem
que depois de assaltado
retirasse a tranca
da porta.
Maria José Meireles
desarmada
como um homem
que depois de assaltado
retirasse a tranca
da porta.
Maria José Meireles
domingo, 5 de setembro de 2010
Abrigo...
Os pássaros
chegam
vendados
amordaçados
ou com antolhos
feridos
sedentos
ou esfaimados
e dizem:
é bom este abrigo
é bom este vazio.
Maria José Meireles
chegam
vendados
amordaçados
ou com antolhos
feridos
sedentos
ou esfaimados
e dizem:
é bom este abrigo
é bom este vazio.
Maria José Meireles
sábado, 4 de setembro de 2010
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Improviso ferroviário...
Da varanda do quarto da minha infância
todos os comboios chegavam
todos os comboios partiam
e só eu ficava
a minha infância era uma cidade
que os comboios não atravessavam
nessa idade
eu tinha mapas nos olhos
que soletravam viagens
e ainda não sabia
que todos os cais terminavam
nos braços infinitos da água.
Ademar
todos os comboios chegavam
todos os comboios partiam
e só eu ficava
a minha infância era uma cidade
que os comboios não atravessavam
nessa idade
eu tinha mapas nos olhos
que soletravam viagens
e ainda não sabia
que todos os cais terminavam
nos braços infinitos da água.
Ademar
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Improviso para cota e violoncelo...
Guarda-me por uma vez na estante
dos teus segredos
que eu seja somente
uma dedicatória
ou nem isso
um livro mais
entre tantos
oferecido
ao tempo furioso das tuas mãos
e tão breve
e lê-me apenas
quando tiveres saudades
dos olhos com que me adormeces
encaderna-me se quiseres
para que eu dure ainda mais
e abre-me devagar
folheia-me lentamente
página a página
na íntima desordem
dos teus pensamentos.
Ademar
dos teus segredos
que eu seja somente
uma dedicatória
ou nem isso
um livro mais
entre tantos
oferecido
ao tempo furioso das tuas mãos
e tão breve
e lê-me apenas
quando tiveres saudades
dos olhos com que me adormeces
encaderna-me se quiseres
para que eu dure ainda mais
e abre-me devagar
folheia-me lentamente
página a página
na íntima desordem
dos teus pensamentos.
Ademar
Girafas...
Hei-de acreditar
que as girafas
já não cantam?
Conheço o seu brado
e é-me impossível
não acreditar
nos meus próprios ouvidos.
Maria José Meireles
que as girafas
já não cantam?
Conheço o seu brado
e é-me impossível
não acreditar
nos meus próprios ouvidos.
Maria José Meireles
Subscrever:
Mensagens (Atom)