quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Ortotanásia...

Recuso
beber do teu fel
que agora me serves
com requintes
de malvadez.

Maria José Meireles

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Desamor...

Dizes
que tenho 
a verticalidade, 
integridade 
e dignidade 
que nunca tiveste.
Dizes 
que me amas 
e eu digo 
que desamo
quem não se ame, 
em primeiro lugar, 
a si próprio.



Maria José Meireles

domingo, 27 de dezembro de 2020

E A VACINA CHEGOU...

A nossa maior riqueza
A saúde, com certeza
Ficará acautelada
Com a vinda da vacina
Contra a peste assassina,
Por todos tão esperada.

E a vacina chegou!
Toma-la por certo eu vou
E milhões de seres humanos
Em defesa da saúde
Já que com esta atitude
Mais segurança teremos.

Cientistas não pararam
Enquanto não encontraram
Resposta que tanto urgia
Produzindo a vacina
Que ficasse bem por cima
Contra esta pandemia.

Do saber nasceu a esperança
Fonte de grã confiança
Pra beber no dia a dia
Louvemos os cientistas
Doutorados em artistas
No Circo da Alegria.

Milhares e milhares de vidas
Neste mundo já perdidas
Foi um alto preço pago
Que de agora em diante
O que vier pela frente
Deixe de ser aziago.

Para termos liberdade
De viver com dignidade
Direitos fundamentais
Para equilíbrio da mente
Ao nível de toda a gente
Em tudo muito iguais.

Carmindo Ramos

Sobre o amar e o ouvir – Rubem Alves

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes
e calma



ACCB
Adelina Barradas de Oliveira

sábado, 19 de dezembro de 2020

Santana - While My Guitar Gently Weeps (Official Video)

Espelho, espelho meu...

Hoje
a senhora do leite
por vós derramado
já não chora
pela remissão
dos pecados.



Maria José Meireles

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

CANÇÃO

Sol nulo dos dias vãos,
Cheios de lida e de calma,
Aquece ao menos as mãos
A quem não entras na alma!

Que ao menos a mão, roçando
A mão que por ela passe,
Com externo calor brando
O frio da alma disfarce!

Senhor, já que a dor é nossa
E a fraqueza que ela tem,
Dá-nos ao menos a força
De a não mostrar a ninguém!

Fernando Pessoa

❤ Elis Regina (ao vivo-1973) Cadeira Vazia HD

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Natal...

Hoje

não quero

presépios

com vacas 

e burros.


Maria José Meireles

domingo, 29 de novembro de 2020

O Povo Culto

Os povos serão cultos na medida em que entre eles crescer o número dos que se negam a aceitar qualquer benefício dos que podem; dos que se mantêm sempre vigilantes em defesa dos oprimidos não porque tenham este ou aquele credo político, mas por isso mesmo, porque são oprimidos e neles se quebram as leis da Humanidade e da razão; dos que se levantam, sinceros e corajosos, ante as ordens injustas, não também porque saem de um dos campos em luta, mas por serem injustas; dos que acima de tudo defendem o direito de pensar e de ser digno.

Agostinho da Silva, in 'Diário de Alcestes'

sábado, 28 de novembro de 2020

PRIORIDADES NA VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19

Escrevo, já nem sei como
Duvido, até para quem!
Deito-me, não tenho sono
Fico a pensar no desdém

Que nutrem por seres humanos
Certas pessoas, eu sinto
Em causa, os veteranos
Com mais de setenta e cinco

Para a toma da vacina
Contra a peste assassina
Não têm prioridade
Os peritos decidiram
Prioridade retiram
Aos maiores daquela idade.

Terão de seguir critérios,
Mas com estes despautérios
Nem ao diabo lembraria
Ainda mais nesta altura
Em que se vive a agrura
Da terrível pandemia.

Carmindo Ramos

domingo, 1 de novembro de 2020

Uma vida bem vivida

Cada dia que começa
É uma luz que se apressa
A iluminar o caminho
Que nós temos pela frente
Trilhado por toda a gente
Acompanhado ou sozinho.

Uma vida bem vivida
Seja curta ou comprida
Ainda a vida que for
Deverá sempre conter
No sorriso ou no sofrer
A presença do amor.

O amor, em cada vida
É como o sal na comida
Um tempero enriquecido
Praticando o amor
A vida tem mais valor
Não deve ser esquecido.

Havendo amor há perdão
Vivamos com ele então
Mas um amor de verdade
Porque sem amor viver
É vida para esquecer
Não contém felicidade.

Carmindo Ramos

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Loba...

Ao acordar

vi a loba

para além 

da pele

de cordeiro.


Maria José Meireles

domingo, 25 de outubro de 2020

AS PEDRAS QUE OS MEUS PÉS PISAM

Quando o tempo me permite
E a saúde também
Dá-me logo apetite
De ir por aí além.

Caminhando, observando
De perto a Natureza
E o meu saber aumentando
Perante tanta beleza.

Eucaliptos ondulando
Vejo a cada momento
Parece que estão bailando
Mercê da acção do vento.

As pedras que os meus pés pisam
Caminhada a caminhada
Os meus órgãos equilibram
A saúde é reforçada.

Cantarei sempre este tema
Por saber que vale a pena
Nossa vida melhorar
Sendo uma mais valia
Cuidar dela dia-a-dia
Porque não a caminhar?

Carmindo Ramos

sábado, 24 de outubro de 2020

Acomodados...

Todos

os aniversários

ele oferece

o mesmo presente

que ela coleciona

sem chegar a abrir.


Maria José Meireles

Divórcio...

Criaste

um sacramento

à medida

da tua alma

erótica.


Maria José Meireles

domingo, 18 de outubro de 2020

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Chacra...

Fiz-te meu
chacra.
Trago te sempre
alinhado.

Maria José Meireles

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Alquimia...

Por haver 
infâncias 
que ensinam 
a sofrer 
em silêncio
descubro-me 
Alquimista.


Maria José Meireles

domingo, 4 de outubro de 2020

OIÇO TANTA COISA DE VÓS

OIÇO TANTA COISA DE VÓS
que não oiço mais
do que ouvir,
vejo tanta coisa de vós
que não vejo mais
do que ver,
tanta coisa me assedia
com desconversa
que dou por mim a falar
como quem conversa,
que dou por mim
a falar como quem
fica em silêncio.
Eu vivo, forte.

Paul Celan
in A Morte É Uma Flor. Poemas do Espólio; trad. João Barrento, ed. Cotovia, 1998

Tears For Fears - Everybody Wants To Rule The World (Official Music Video)

UMA EMENTA SADIA

Se alguém me perguntasse
Sobre o que eu mais desejasse
Diria: saúde e paz
Regadas com muito amor
Para esmerar o sabor
Que a nós tanto bem nos faz.

Uma ementa sadia
Durante esta pandemia
Funesta realidade
Viveríamos melhor
Com saúde, em amor
E a paz da felicidade.

Prouvera a Deus que assim fosse
Uma existência mais doce
Na nossa sociedade
Para alcançarmos o nível
D'outrora, apetecível
O da tranquilidade.

Vamos então, cientistas
Encontrem nas vossas pistas
Aquela melhor vacina
Para nos assegurar
Que nos poderá livrar
Deste mal que abomina.

Carmindo Ramos

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Conselho

VAN GOGH, Cesto e Seis Maçãs (1887) 



Sê paciente; 

espera que a palavra amadureça

e se desprenda como um fruto

ao passar o vento que a mereça.


Eugénio de Andrade

sábado, 19 de setembro de 2020

Água...

Hoje
bebo
a água
do casal
porteiro
na pousada
de todos
os peregrinos.

Maria José Meireles

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Miniatura

Pois eu gosto de crianças!
Já fui criança, também…
Não me lembro de o ter sido;
Mas só ver reproduzido
O que fui, sabe-me bem.

É como se de repente
A minha imagem mudasse
No cristal duma nascente,
E tudo o que sou voltasse
À pureza da semente.

Miguel Torga
Diário VIII , 1957

Adriana Calcanhotto - Devolva-Me

domingo, 13 de setembro de 2020

Acordar...


Dizes 
que acordei tarde
e eu digo
que nunca é tarde 
para ser
feliz.



Maria José Meireles

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Manifesto anti Dantas recitado por José de Almada Negreiros


"Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia, se é que a sua cegueira não é incurável, e então gritará comigo a meu lado a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado."

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Minha amada

Minha amada
Tem longos cabelos
E mora perto do mar.

Tão longos seus cabelos
Que os vejo no ar.
São azuis no céu azul
Prateados ao luar.

Espraiam-se por colinas
Alcançadas por meu olhar
As folhas das árvores mexem
Se te estás a pentear.

Bem os vejo, bem os vejo
Não os posso afagar.

Alf. Set. / 2020

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

sábado, 22 de agosto de 2020

terça-feira, 28 de julho de 2020

Reencontro


Coragem...

Dizes
que eu fugi
de ti
mas eu sei,
nós sabemos,
que não foi
por falta
de coragem.

Maria José Meireles

terça-feira, 21 de julho de 2020

O poema



O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu 
E passarei sozinha 
Entre as mãos de quem lê 

O poema alguém o dirá 
Às searas 

Sua passagem se confundirá 
Com o rumor do mar com o passar do vento  

O poema habitará 
O espaço mais concreto e mais atento 

No ar claro nas tardes transparentes 
Suas sílabas redondas 

(Ó antigas ó longas 
Eternas tardes lisas)  

Mesmo que eu morra o poema encontrará 
Uma praia onde quebrar as suas ondas 

E entre quatro paredes densas 
De funda e devorada solidão 
Alguém seu próprio ser confundirá 
Com o poema no tempo 

Sophia de Mello Breyner Andresen, 
Livro Sexto

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Acolhimento...

Dizes
apesar de sedado...
que foi este
o melhor
de todos
os dias
porque eu estive
contigo.



Maria José Meireles

segunda-feira, 22 de junho de 2020

terça-feira, 9 de junho de 2020

Sol...

Ainda 
quero
saborear
cada raio de sol
que me aqueça.

Maria José Meireles

sábado, 6 de junho de 2020

Ninguém...

Ninguém
me leva
a vida
senão
o tempo.

Maria José Meireles

sábado, 23 de maio de 2020

Sem inspiração na rima

Devagar, passo-a-passo
Na escrita tenho embaraço
Sem inspiração na rima.
Como anteriormente tive
Mas ora com a Covid
O meu jeito pouco atina.

Está diferente este mundo
Da Corona todo imundo
E na Saúde inseguro.
O momento é de risco
Como antes nunca visto
Mui precário o futuro.

Com o deslizar do tempo
E as notícias no momento
De todo o Universo
Dão-nos para meditar
No que se irá passar
Lá por longe e cá por perto.

Oxalá que o calor
Nos traga vida melhor
E o vírus desapareça.
Que se descubra a vacina
Contra a doença assassina
E isso em breve aconteça.

Carmindo Ramos

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Naquele moinho

Vou-me confinar
Naquele moinho…
Embalado
Com o cantar da água.
Dar passeios
Muito pensativos
E talvez talvez
Escrever poesia…
Gravada letra a letra
Na pedra da mó
Com a paciência
E a perícia dos antigos.
Que a Beleza venha
E a Harmonia.
Assim…
Meu olhar brilhará.

Pousado na terra,
Nesta vertiginosa
Corrida pelo espaço,
Olhando as estrelas
As minhas asas abrem
E voarei por ti
Para ti.

Alf 27 / Abr. / 2020

terça-feira, 19 de maio de 2020

Mar...

Se soubesses
do mar
que me embarca
saber-te-ias cego
por não o poder
abarcar.

Maria José Meireles

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Artur Pizarro plays Chopin Nocturne Op.9 no.3

“Numa folha em branco subo montanhas”

Quando escrevo
Em papel branco
Trepo um monte.
De lá de cima
Vejo a meus pés
O sol nascente
No horizonte.

Eu, um grão
Pousado neste planeta
Deste sistema solar.
Grão da Via Láctea
Desenhada em estrela-do-mar
De braços encurvados
A rodar a rodar
À volta de um buraco negro
Que lentamente a está
A sugar a sugar.

Via Láctea…
Grão no espaço
Interestelar
Irmã de tantas outras
Iguais umas, outras diferentes
Todas elas a afastar.

Ah!
Quem me dera ver
Uma chuva de meteoritos,
Uma Supernova a rebentar
Em mil cores e em luz
Dias e noites iluminar.

Tempos demasiado infinitos…
Não me calhou
Não me calhou ver
Em tão pouco viver.

Alf. Mai. / 2020

domingo, 17 de maio de 2020

A MORTE DE VALENTINA

Com nove aninhos de idade
Sujeita à ferocidade
Da madrasta e de seu pai
Violência assassina
Mataram esta menina
Que assim tão cedo se vai.

Esta vítima indefesa
Sucumbiu à vil torpeza
De dois seres inferiores
Detentores de sentimentos
Tão macabros, tão nojentos
Não sei quais deles os piores.

O juiz bem entendeu
A prisão lhes prescreveu
Quando foram inquiridos
O processo a decorrer
Julgamento irá haver
Esperamos sejam punidos.

Sem indícios de brandura
Para memória futura
Uma exemplar punição.
Que a lei não se compadeça
De quem perdeu a cabeça
O amor e a razão.

Carmindo Ramos

segunda-feira, 4 de maio de 2020

domingo, 3 de maio de 2020

DIA DA MÃE

Vindo até vós, eu prometo
Produzir hoje um soneto
Lembrando aqui alguém.
Os bons filhos deverão
De alma e coração
Recordar a sua mãe.

Então:

Mesmo em confinamento
Alegre-mo-nos também
Por este belo momento
Hoje é o DIA DA MÃE.

Um nome doce, suave
Envolvido de candura
E que toda a gente sabe
Ser expressão de ternura.

Mês de maio, mês da flor
Raios de sol a surgir
No céu, em tons de anil.

MÃE! Tu és fonte d' amor
Coração nobre a sorrir
De teus filhos... beijos mil.

Carmindo Ramos

sábado, 2 de maio de 2020

sexta-feira, 1 de maio de 2020

quinta-feira, 30 de abril de 2020

quarta-feira, 29 de abril de 2020

terça-feira, 28 de abril de 2020

segunda-feira, 27 de abril de 2020

domingo, 19 de abril de 2020

Artur Pizarro plays Romance by Chopin arr. Balakirev

Melhor...

Agora
sou
de mim
uma alternativa
melhor.

Maria José Meireles

terça-feira, 7 de abril de 2020

Milagre na Cela 7 - trailer legendado (filme turco da Netflix)


Disponível na Netflix.

VIDA

Para mim, não peço vida
Aos mais novos a desejo
Mas acautelando a minha
Novos e velhos protejo.

Vida, vivida em amor
Um redobrado valor
A todos aconselhável.
A vida com mais prazer
Extensiva a cada ser
Num todo ser, responsável

Na procura dum caminho
Mais seguro, não sozinho
Da luz para prosseguirmos
Andando continuamente
Todos juntos, irmãmente
E a meta atingirmos

Ou seja, a da SAÚDE
Que nos dá felicidade
De grande amplitude
Para toda a humanidade.

Carmindo Ramos

Vontade que não morre

Sou mulher de palavras
Mas não as encontro sábias
Ao ponto de serem capazes
De exprimir o sentir
Que conforta e apazigua
Meus sentimentos inquietos
Porque ávidos e vorazes.

Também não as encontro intensas
Pois a pureza que o amor exige
Me leva à saudável exaustão
Em busca de uma simbiose
Que só almas elevadas
Conseguem alcançar
Para permanecerem em comunhão.

Só encontro palavras simples
Que ficam aquém
Do sentimento que me arrebata
Desde que me permiti dar-me
Porque te deste
Porque o teu coração é de ouro
E não de prata.

Tenho-te inteiro em mim
Albergo-te em minhas veias
Onde o sangue me corre
Onde viaja o amor
Que me invade e me amarra
À vontade de te amar
E essa não morre!

Ana Paula Vaz Serra (28/03/2020)

Cinema Paradiso by Chris Botti and Yo-Yo Ma [HD]

Artur Pizarro plays Debussy Étude retrouvée

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Se eu fosse…

Se eu fosse um camaleão
Rendia-me à hipocrisia desmesurada
Por ser rei na arte da dissimulação
Por ocupar o trono da mentira desvirtuada

Se eu fosse um camaleão
Vendia a minha alma
Aos que vivem na ilusão
De obter do altar a palma
Que ali foi devotamente colocada
Na esperança de despertar
A consciência há muito enforcada
Que teima em não despertar

Mas se eu fosse deveras um camaleão
Tornar-me-ia um guerreiro
Empunhava na minha mão
Forjada por um ferreiro
Uma espada lancinante
Capaz de destruir a falsidade
Do ser comum farsante
Capaz de repor a verdade

Ana Paula Vaz Serra (28/03/2020)

Made by me

Artur Pizarro plays Debussy Nocturne

domingo, 5 de abril de 2020

O lápis que deixou de escrever…

O lápis que deixou de escrever cartas de amor
Viu vencido o seu desejo de ser correspondido
Nele jaz, bem fundo, o fulgor
Que um dia quis ver renascido
Das entranhas que definham
A cada dia que passa
Os seus sentidos adivinham
Um amanhã cheio de graça
Onde se observam notas musicais
Dançando ao som de belas sinfonias
Que fazem lembrar marchas nupciais
Enterrando as suas agonias.



Ana Paula Vaz Serra (28/03/2020)

Artur Pizarro plays Debussy Ballade

O melhor da vida é poder vivê-la!

sábado, 4 de abril de 2020

Artur Pizarro plays Saint-Saëns Piano Concerto no.5

Capuchinho vermelho

De súbito, Capuchinho vermelho
Saiu sem se olhar ao espelho
Levava no cesto a merendinha
À avó, enferma na sua caminha.

Pela floresta fora
Deleitava-se com a flora
Quando um cordeiro se acercou
E manhosamente a questionou:
- Onde vais tu, linda menina?
- Levar a merenda à minha avozinha
Que tomou penicilina
- Que bondosa que tu és
Já te sinto o gosto a meus pés
Agora deixo-te cumprir a tua missão
E desculpa a minha intromissão!

Pensando que estava em segurança
Capuchinho vermelho continuou o seu caminho
Inocente e cheia de esperança
Na sua companhia tinha um passarinho
Que do perigo a avisou
Mas ela não acreditou.

Lá ao longe já se desenhava
A casa de quem procurava
Quando à porta chegou
Estava aberta, logo entrou.

Que estranha doença
Teria deixado a avozinha
Sem conhecida parecença
Com a sua mãezinha?

No seu rosto um enorme nariz plantado
Dos olhos saíam faíscas de maldade
A boca era um enorme buraco escavado
Que vociferava palavras sem verdade
Cheia de medo, Capuchino Vermelho fugiu
Um caçador ali perto lhe acudiu
Disparou um tiro certeiro ao lobo
Caiu redondo no meio do lodo
Das suas entranhas renasceu a avozinha
Tão bonita, parecia uma rainha!

Ana Paula Vaz Serra (28/03/2020)

Aquecimento global - 7ºF


      

sexta-feira, 3 de abril de 2020