segunda-feira, 30 de abril de 2012
domingo, 29 de abril de 2012
sábado, 28 de abril de 2012
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Impulso...
Soltei os meus cavalos
puro sangue
deixei-os arrasar
a minha casa
agora,
num paraíso de paz
e de outras delícias,
como e bebo
à tua mesa
e abrigo-me no teu colo.
Maria José Meireles
puro sangue
deixei-os arrasar
a minha casa
agora,
num paraíso de paz
e de outras delícias,
como e bebo
à tua mesa
e abrigo-me no teu colo.
Maria José Meireles
Com esperança em Zeus...
Enquanto Zeus dormia
(movida pela curiosidade)
Pandora abriu-lhe a caixa.
A esperança saiu
a caixa ficou vazia
como se fosse um poema
Zeus gritou
e assim ficou poeta.
Maria José Meireles
(movida pela curiosidade)
Pandora abriu-lhe a caixa.
A esperança saiu
a caixa ficou vazia
como se fosse um poema
Zeus gritou
e assim ficou poeta.
Maria José Meireles
quinta-feira, 26 de abril de 2012
terça-feira, 24 de abril de 2012
Dióspireiro 2012
Rubem Alves contou a história do Caqui e nós plantamos esta árvore como um símbolo do triunfo da vida sobre a morte.
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Poema alegria
Alegria
De passadas tristezas, desenganos
amarguras colhidas em trinta anos,
de velhas ilusões,
de pequenas traições
que achei no meu caminho...,
de cada injusto mal, de cada espinho
que me deixou no peito a nódoa escura
duma nova amargura...
De cada crueldade
que pôs de luto a minha mocidade...
De cada injusta pena
que um dia envenenou e ainda envenena
a minha alma que foi tranquila e forte...
De cada morte
que anda a viver comigo, a minha vida,
de cada cicatriz,
eu fiz
nem tristeza, nem dor, nem nostalgia
mas heróica alegria.
Alegria sem causa, alegria animal
que nenhum mal
pode vencer.
Doido prazer
de respirar!
Volúpia de encontrar
a terra honesta sob os pés descalços.
Prazer de abandonar os gestos falsos,
prazer de regressar,
de respirar
honestamente e sem caprichos,
como as ervas e os bichos.
Alegria voluptuosa de trincar frutos
e de cheirar rosas.
Alegria brutal e primitiva
de estar viva,
feliz ou infeliz
mas bem presa à raiz.
Volúpia de sentir na minha mão,
a côdea do meu pão.
Volúpia de sentir-me ágil e forte
e de saber enfim que só a morte
é triste e sem remédio.
Prazer de renegar e de destruir o tédio,
Esse estranho cilício,
e de entregar-me à vida como a um vício.
Alegria!
Alegria!
Volúpia de sentir-me em cada dia
mais cansada, mais triste, mais dorida
mas cada vez mais agarrada à Vida!
Fernanda de Castro, in "D'Aquém e D'Além Alma"
De passadas tristezas, desenganos
amarguras colhidas em trinta anos,
de velhas ilusões,
de pequenas traições
que achei no meu caminho...,
de cada injusto mal, de cada espinho
que me deixou no peito a nódoa escura
duma nova amargura...
De cada crueldade
que pôs de luto a minha mocidade...
De cada injusta pena
que um dia envenenou e ainda envenena
a minha alma que foi tranquila e forte...
De cada morte
que anda a viver comigo, a minha vida,
de cada cicatriz,
eu fiz
nem tristeza, nem dor, nem nostalgia
mas heróica alegria.
Alegria sem causa, alegria animal
que nenhum mal
pode vencer.
Doido prazer
de respirar!
Volúpia de encontrar
a terra honesta sob os pés descalços.
Prazer de abandonar os gestos falsos,
prazer de regressar,
de respirar
honestamente e sem caprichos,
como as ervas e os bichos.
Alegria voluptuosa de trincar frutos
e de cheirar rosas.
Alegria brutal e primitiva
de estar viva,
feliz ou infeliz
mas bem presa à raiz.
Volúpia de sentir na minha mão,
a côdea do meu pão.
Volúpia de sentir-me ágil e forte
e de saber enfim que só a morte
é triste e sem remédio.
Prazer de renegar e de destruir o tédio,
Esse estranho cilício,
e de entregar-me à vida como a um vício.
Alegria!
Alegria!
Volúpia de sentir-me em cada dia
mais cansada, mais triste, mais dorida
mas cada vez mais agarrada à Vida!
Fernanda de Castro, in "D'Aquém e D'Além Alma"
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Mary,
Poema que um Professor partilhou comigo hoje...
Perfume Exótico
Quando eu a dormitar, num íntimo abandono,
Respiro o doce olor do teu colo abrasante,
Vejo desenrolar paisagem deslumbrante
Na auréola de luz d'um triste sol de outono;
Um éden terreal, uma indolente ilha
Com plantas tropicais e frutos saborosos;
Onde há homens gentis, fortes e vigorosos,
E mulher's cujo olhar honesto maravilha.
Conduz-me o teu perfume às paragens mais belas;
Vejo um porto ideal cheio de caravelas
Vindas de percorrer países estrangeiros;
E o perfume subtil do verde tamarindo,
Que circula no ar e que eu vou exaurindo,
Vem juntar-se em minh'alma à voz dos marinheiros.
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães
Respiro o doce olor do teu colo abrasante,
Vejo desenrolar paisagem deslumbrante
Na auréola de luz d'um triste sol de outono;
Um éden terreal, uma indolente ilha
Com plantas tropicais e frutos saborosos;
Onde há homens gentis, fortes e vigorosos,
E mulher's cujo olhar honesto maravilha.
Conduz-me o teu perfume às paragens mais belas;
Vejo um porto ideal cheio de caravelas
Vindas de percorrer países estrangeiros;
E o perfume subtil do verde tamarindo,
Que circula no ar e que eu vou exaurindo,
Vem juntar-se em minh'alma à voz dos marinheiros.
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães
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Poema que um Aluno partilhou comigo hoje...
domingo, 22 de abril de 2012
Lixo de qualidade...
Minha Senhora
se quiser lixo
de qualidade
ligue a Televisão
leia o Jornal
veja uma revista feminina...
mas remexer sacos do lixo
largados na rua?!
O que procura?!
Como é possível
temer a morte
a esse ponto?!
Maria José Meireles
se quiser lixo
de qualidade
ligue a Televisão
leia o Jornal
veja uma revista feminina...
mas remexer sacos do lixo
largados na rua?!
O que procura?!
Como é possível
temer a morte
a esse ponto?!
Maria José Meireles
sábado, 21 de abril de 2012
quarta-feira, 18 de abril de 2012
DE TARDE
Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
O Livro de Cesário Verde, Lisboa, 1887
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
O Livro de Cesário Verde, Lisboa, 1887
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Pensamento do dia...
Existem mais de 7 mil milhões de pessoas neste mundo... e vais deixar que apenas uma te consiga estragar o teu dia?? NÃO!
Alcina Ribeiro
Adolescentes
Exaustos, mudos, sempre que os vejo,
Nos bancos tristes que há na cidade,
Sobe em mim próprio como um desejo
Ou um remorso da mocidade...
E até a brisa, perfidamente
Lhes roça os lábios pelos cabelos
Quando a cidade, na sua frente
Rindo e correndo, finge esquecê-los!
Eles, no entanto, sentem-na bela.
(Deram-lhe sangue, pranto e suor).
Quantos, mais tarde se vingam dela
Por tudo o que hoje sabem de cor!
E essas paragens nos bancos tristes
(Aquela estranha meditação!)
Traz-lhes, meu Deus, só porque existes,
A garantia do teu perdão!
Pedro Homem de Mello, in "Eu Hei-de Voltar um Dia"
Nos bancos tristes que há na cidade,
Sobe em mim próprio como um desejo
Ou um remorso da mocidade...
E até a brisa, perfidamente
Lhes roça os lábios pelos cabelos
Quando a cidade, na sua frente
Rindo e correndo, finge esquecê-los!
Eles, no entanto, sentem-na bela.
(Deram-lhe sangue, pranto e suor).
Quantos, mais tarde se vingam dela
Por tudo o que hoje sabem de cor!
E essas paragens nos bancos tristes
(Aquela estranha meditação!)
Traz-lhes, meu Deus, só porque existes,
A garantia do teu perdão!
Pedro Homem de Mello, in "Eu Hei-de Voltar um Dia"
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Poema que um Aluno partilhou comigo hoje...
Mulher ao espelho
Hoje que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.
Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz.
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.
Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?
Por fora, serei como queira
a moda, que me vai matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.
Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seu
se morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.
Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.
Cecília Meireles
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.
Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz.
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.
Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?
Por fora, serei como queira
a moda, que me vai matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.
Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seu
se morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.
Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.
Cecília Meireles
sábado, 14 de abril de 2012
Pureza...
Pegou-lhe na mão
com toda a ternura
e sentiu finalmente
amor no seu estado
mais puro.
Maria José Meireles
com toda a ternura
e sentiu finalmente
amor no seu estado
mais puro.
Maria José Meireles
sexta-feira, 13 de abril de 2012
quarta-feira, 11 de abril de 2012
terça-feira, 10 de abril de 2012
Felicidade...
Apesar da pimenta
na língua,
com que a mãe a castigava
na infância
para proibir certas palavras,
os tempos eram de crise
e nenhuma consulta
de psiquiatria
poderia ser mais eficaz.
Ela descobriu
o poder terapêutico
do insulto
com recurso ao palavrão.
Ele ainda esperava
que ela fosse muito feliz
apenas por ignorar
que ela já o era
e que nada lhe faltava
senão tempo para esperar.
Maria José Meireles
na língua,
com que a mãe a castigava
na infância
para proibir certas palavras,
os tempos eram de crise
e nenhuma consulta
de psiquiatria
poderia ser mais eficaz.
Ela descobriu
o poder terapêutico
do insulto
com recurso ao palavrão.
Ele ainda esperava
que ela fosse muito feliz
apenas por ignorar
que ela já o era
e que nada lhe faltava
senão tempo para esperar.
Maria José Meireles
segunda-feira, 9 de abril de 2012
sábado, 7 de abril de 2012
inexplicavelmente
A criança ergue o olhar à altura dos passos de alguém que viaja
sentada no solo rente ao céu do chão
está viva por uma palavra misteriosa
ali pregada em terra olha para que a sigam
ou a ceguem com uma rosa na mão
inexplicavelmente tornou-se uma deusa
na bíblia dos náufragos
Maria Azenha
sexta-feira, 6 de abril de 2012
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Dois murros bem dados...
O padre
recusou o papel
às fêmeas
(apesar dos argumentos)
o macho
ofereceu dois murros
mas o papel
só saiu depois.
Cristo morreu
sem papel.
Maria José Meireles
recusou o papel
às fêmeas
(apesar dos argumentos)
o macho
ofereceu dois murros
mas o papel
só saiu depois.
Cristo morreu
sem papel.
Maria José Meireles
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Acerto de agulhas...
Os amigos
não se provocam
os amantes
não se ofendem
cada amor
cabe em seu espaço
e em seu tempo.
Maria José Meireles
não se provocam
os amantes
não se ofendem
cada amor
cabe em seu espaço
e em seu tempo.
Maria José Meireles
Emoções...
Tinha a loucura presa
dentro de um colete
que soltou
para poder
sentir na pele
o vento
a água
o frio
e o calor
enfim, a morte
com tudo o que tem de mau
com tudo o que tem de bom
com tudo o que tem de vida.
Maria José Meireles
dentro de um colete
que soltou
para poder
sentir na pele
o vento
a água
o frio
e o calor
enfim, a morte
com tudo o que tem de mau
com tudo o que tem de bom
com tudo o que tem de vida.
Maria José Meireles
domingo, 1 de abril de 2012
Ensina-me a dançar...
Que mais posso eu pedir
se já me deste tudo?
A porta era fechada
antes de a abrires
a vida era acabada
antes de a veres
a esperança era presa
antes de a soltares
a paz era esquecida
antes de a lembrares
e eu, que era crescida
voltei a ser criança.
Maria José Meireles
se já me deste tudo?
A porta era fechada
antes de a abrires
a vida era acabada
antes de a veres
a esperança era presa
antes de a soltares
a paz era esquecida
antes de a lembrares
e eu, que era crescida
voltei a ser criança.
Maria José Meireles
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