quinta-feira, 29 de abril de 2021
quarta-feira, 28 de abril de 2021
domingo, 25 de abril de 2021
sexta-feira, 23 de abril de 2021
quinta-feira, 22 de abril de 2021
quarta-feira, 21 de abril de 2021
Pensamento do dia...
Estou sempre disposto a aprender, mas nem sempre gosto que me ensinem.
Winston Churchill
terça-feira, 20 de abril de 2021
segunda-feira, 19 de abril de 2021
BEIJO ETERNO
Edvard Munch - O beijo |
Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!
Fora, repouse em paz
Dormindo em calmo sono a calma natureza,
Ou se debata, das tormentas presa,
Beija inda mais!
E, enquanto o brando calor
Sinto em meu peito de teu seio,
Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio,
Com o mesmo ardente amor!
...
Diz tua boca: "Vem!"
Inda mais! diz a minha, a soluçar... Exclama
Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! morde! que doce é a dor
Que me entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! morde mais! que eu morra de ventura,
Morto por teu amor!
Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue: acalma-o com teu beijo!
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!Castro Alves
domingo, 18 de abril de 2021
sábado, 17 de abril de 2021
A Revolução da Bondade
Acho que a grande revolução, e o livro «Ensaio sobre a Cegueira» fala disso, seria a revolução da bondade. Se nós, de um dia para o outro, nos descobríssemos bons, os problemas do mundo estariam resolvidos. Claro que isso nem é uma utopia, é um disparate. Mas a consciência de que isso não acontecerá, não nos deve impedir, cada um consigo mesmo, de fazer tudo o que pode para reger-se por princípios éticos. Pelo menos a sua passagem por este mundo não terá sido inútil e, mesmo que não seja extremamente útil, não terá sido perniciosa. Quando nós olhamos para o estado em que o mundo se encontra, damo-nos conta de que há milhares e milhares de seres humanos que fizeram da sua vida uma sistemática acção perniciosa contra o resto da humanidade. Nem é preciso dar-lhes nomes.
José Saramago, in " Folha de S. Paulo, Outubro 1995"
José Saramago, in " Folha de S. Paulo, Outubro 1995"
quinta-feira, 15 de abril de 2021
Divertere...
Esse deixar
de seguir o
próprio funeral
e de desejar
o funeral do outro...
Maria José Meireles
domingo, 11 de abril de 2021
sábado, 10 de abril de 2021
Pensamento do dia...
"O ocaso me ampliou para formiga."
Manoel de Barros
Manoel de Barros
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Pensamento
O Apanhador de Desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Manoel de Barros
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Manoel de Barros
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sexta-feira, 9 de abril de 2021
Improviso para chatear um filho da puta que passa muito nas televisões...
És uma pessoa importante
eu sei
todos os dias as televisões me dizem
que és uma pessoa importante
presumo obviamente sobre tu
perdão
sobre ti
coisas óbvias
por exemplo
que caminhas sobre três pernas
que comes com duas bocas
e lambes com todas as línguas
que vês por muitos olhos
e que nos enrabas
pela frente e por trás
desculpa a linguagem
tão pouco consentânea
com a importância que te atribuem.
Ademar
eu sei
todos os dias as televisões me dizem
que és uma pessoa importante
presumo obviamente sobre tu
perdão
sobre ti
coisas óbvias
por exemplo
que caminhas sobre três pernas
que comes com duas bocas
e lambes com todas as línguas
que vês por muitos olhos
e que nos enrabas
pela frente e por trás
desculpa a linguagem
tão pouco consentânea
com a importância que te atribuem.
Ademar
quarta-feira, 7 de abril de 2021
terça-feira, 6 de abril de 2021
Porque
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andresen
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Sophia de Mello Breyner Andresen
segunda-feira, 5 de abril de 2021
domingo, 4 de abril de 2021
BRAGA POR DENTRO FECHADA
Fui a pé a Braga e vim
Nesta Páscoa, quase no fim
Em mais uma caminhada
Fiquei cheio de tristeza
No que vi tive a certeza
Braga por dentro fechada.
Verdade nua e crua
Com pouca gente na rua
O que faz a pandemia!
Alguns carros a girar
Lentamente, devagar
Cidade sem alegria.
Vi uma urbe sem vida
Do bulício esquecida
Como é que isto é possível?
Olhando pra ela então
Senti no meu coração
Braga irreconhecível.
Ó Braga d'antigamente
Como hoje estás tão dif'rente
Para onde é que tu vais?
Se já nem sequer festejas
Nos moldes como desejas
As Cerimónias Pascais!
Carmindo Ramos
Nesta Páscoa, quase no fim
Em mais uma caminhada
Fiquei cheio de tristeza
No que vi tive a certeza
Braga por dentro fechada.
Verdade nua e crua
Com pouca gente na rua
O que faz a pandemia!
Alguns carros a girar
Lentamente, devagar
Cidade sem alegria.
Vi uma urbe sem vida
Do bulício esquecida
Como é que isto é possível?
Olhando pra ela então
Senti no meu coração
Braga irreconhecível.
Ó Braga d'antigamente
Como hoje estás tão dif'rente
Para onde é que tu vais?
Se já nem sequer festejas
Nos moldes como desejas
As Cerimónias Pascais!
Carmindo Ramos
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