Pedra marítima enrolada no marulhar das vagas
Retrocede às mais íntimas planuras
E queda-se baixinho murmurando:
Ó solidão das lisas madrugadas.
Dedilhaste com jeito clássico
As músicas aquáticas dos ventos
Quando surgiste, despontaram flores
E derramaram-se perfumes pelos ares.
Devagar desfolhaste os teus ensinamentos
à natureza grávida das árvores
Aos montes lúcidos da neve,
E aos píncaros altíssimos das águias.
Tudo ouviu a tua voz e ficou mudo
Porque nada sabia nomear-te
E sob as asas côncavas das aves
As pérolas da vida reluziam.
Algas dançavam pelo espaço pleno
Nos teus olhos pousavam mansamente
Como passos de reis em pétalas de espuma.
A terra fecundada deslizava nos laranjais juncados de ternura.
Só tu brincavas entre as dunas brancas
E dos teus dedos saíam melodias
Que os peixes boquiabertos recebiam
Nos vidros transparentes das escamas.
O sol almofadado, róseo,
cobria tardes sossegadas.
Voltavam vagamente os sons do mar
Roçando as folhas verdes que tremiam.
E do silêncio extático das horas
A tua mão secreta se estendia
Era a dança das algas da saudade
Tu dançavas com elas e morrias.
Mário Garcia,SJ
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