segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Acaso
No acaso da rua o acaso da rapariga loira.
Mas não, não é aquela.
A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro.
Perco-me subitamente da visão imediata,
Estou outra vez na outra cidade, na outra rua,
E a outra rapariga passa.
Que grande vantagem o recordar intransigentemente!
Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga,
E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta.
Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso!
Ao menos escrevem-se versos.
Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por génio, se calhar,
Se calhar, ou até sem calhar,
Maravilha das celebridades!
Ia eu dizendo que ao menos escrevem-se versos...
Mas isto era a respeito de uma rapariga,
De uma rapariga loira,
Mas qual delas?
Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade,
Numa outra espécie de rua;
E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade
Numa outra espécie de rua;
Por que todas as recordações são a mesma recordação,
Tudo que foi é a mesma morte,
Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã?
Um transeunte olha para mim com uma estranheza ocasional.
Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas?
Pode ser... A rapariga loira?
É a mesma afinal...
Tudo é o mesmo afinal ...
Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isto é o mesmo também afinal.
Álvaro de Campos
Mas não, não é aquela.
A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro.
Perco-me subitamente da visão imediata,
Estou outra vez na outra cidade, na outra rua,
E a outra rapariga passa.
Que grande vantagem o recordar intransigentemente!
Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga,
E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta.
Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso!
Ao menos escrevem-se versos.
Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por génio, se calhar,
Se calhar, ou até sem calhar,
Maravilha das celebridades!
Ia eu dizendo que ao menos escrevem-se versos...
Mas isto era a respeito de uma rapariga,
De uma rapariga loira,
Mas qual delas?
Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade,
Numa outra espécie de rua;
E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade
Numa outra espécie de rua;
Por que todas as recordações são a mesma recordação,
Tudo que foi é a mesma morte,
Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã?
Um transeunte olha para mim com uma estranheza ocasional.
Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas?
Pode ser... A rapariga loira?
É a mesma afinal...
Tudo é o mesmo afinal ...
Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isto é o mesmo também afinal.
Álvaro de Campos
Outono e S. Martinho
Outono de ouro
Olá senhor Mouro!
Vai esmagar
as uvas no lagar?
Sim Lisete
Vai buscar a Elisabete
Tenho de me despachar
se quero apanhar
as uvas na vinha
minha menininha.
Queres vir apanhar castanhas
Para o dia de S. Martinho
Cavaleiro amiguinho
O melhor soldadinho.
Lá vai o Outono
muito devagarinho
e trás com ele
um vento fresquinho.
Ana Lisete Miranda
Olá senhor Mouro!
Vai esmagar
as uvas no lagar?
Sim Lisete
Vai buscar a Elisabete
Tenho de me despachar
se quero apanhar
as uvas na vinha
minha menininha.
Queres vir apanhar castanhas
Para o dia de S. Martinho
Cavaleiro amiguinho
O melhor soldadinho.
Lá vai o Outono
muito devagarinho
e trás com ele
um vento fresquinho.
Ana Lisete Miranda
Como eu cresço
Os dias passam a correr
e eu começo a crescer.
Um dia hei-de chegar à lua
e dizer a toda a gente:
- Filha do mar e da nascente.
Os meus dentes começam a cair
e toda a gente começa a sorrir.
Ana Lisete Miranda (8 anos)
e eu começo a crescer.
Um dia hei-de chegar à lua
e dizer a toda a gente:
- Filha do mar e da nascente.
Os meus dentes começam a cair
e toda a gente começa a sorrir.
Ana Lisete Miranda (8 anos)
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Piscina...
Há quem tenha
muito trabalho
e pouco tempo
eu cá,
treino
para cruzar as Grandes Águas
a nado,
estou a ficar sereia.
Maria José Meireles
muito trabalho
e pouco tempo
eu cá,
treino
para cruzar as Grandes Águas
a nado,
estou a ficar sereia.
Maria José Meireles
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Pensamento do dia...
A Escola é a fábrica da Humanidade. É urgente fazer um controlo de qualidade.
Maria José Meireles
Maria José Meireles
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Os meus grandes frutos
Doce goiabada
que eu vou saboreando
mas que boa marmelada
que eu como cantando.
Ana Lisete Miranda (8 anos)
que eu vou saboreando
mas que boa marmelada
que eu como cantando.
Ana Lisete Miranda (8 anos)
domingo, 23 de janeiro de 2011
O meu grande amor
Eu perdi o açúcar
morreu
desapareceu
mas fiquei com o amor
em vez do terror.
Ana Lisete Miranda (8 anos)
morreu
desapareceu
mas fiquei com o amor
em vez do terror.
Ana Lisete Miranda (8 anos)
Pensamento do dia...
Poupa-me ao teu lado normal e guarda-o para quem não te merecer.
Maria José Meireles
Maria José Meireles
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
A cigarra e a formiga – La Fontaine
Era uma vez
uma fábula famosa,
Alimentícia
E moralizadora,
Que, em verso e prosa,
Toda a gente
Inteligente
Prudente
E sabedora
Repetia
Aos filhos,
Aos netos
E aos bisnetos.
À base duns insectos
De que não vale a pena fixar o nome,
A fábula garantia
Que quem cantava
Morria
De fome.
E, realmente…
Simplesmente,
Enquanto a fábula contava,
Um demónio secreto segredava
Ao ouvido secreto
De cada criatura
Que quem não cantava
Morria de fartura.
Miguel Torga
Diário VIII,1956
uma fábula famosa,
Alimentícia
E moralizadora,
Que, em verso e prosa,
Toda a gente
Inteligente
Prudente
E sabedora
Repetia
Aos filhos,
Aos netos
E aos bisnetos.
À base duns insectos
De que não vale a pena fixar o nome,
A fábula garantia
Que quem cantava
Morria
De fome.
E, realmente…
Simplesmente,
Enquanto a fábula contava,
Um demónio secreto segredava
Ao ouvido secreto
De cada criatura
Que quem não cantava
Morria de fartura.
Miguel Torga
Diário VIII,1956
Pensamento do dia...
Pessoas brilhantes falam sobre ideias. Pessoas pequenas falam sobre coisas e pessoas medíocres falam sobre a vida de outras pessoas.
Jonas Dantas
Jonas Dantas
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Pensamento do dia...
Não sirvo para julgar ninguém, muito menos para ser julgada.
Maria José Meireles
Maria José Meireles
sábado, 15 de janeiro de 2011
Improviso para pensar se alguma coisa, verdadeiramente, mudou...
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Improviso ferroviário (para uma exposição)...
Muitos comboios chegaram e partiram
no cais da minha vida
nem todos me trouxeram ou levaram
mas viajei em todos eles
como se fizessem parte de mim
já não sei o que é uma catenária
mas ainda serei capaz
pelo menos na memória
de me equilibrar sobre os carris
e adivinhar nos pés descalços
o rumor da aproximação das locomotivas
o meu rio da infância
corre entre paralelas de ferro
e desagua numa ponte
que já não existe.
Ademar
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Pensamento do dia...
"Se tivesse que escrever um livro de moral, as primeiras 99 páginas ficariam em branco e na centésima página escreveria uma só frase: Existe um único dever, o dever de amar".
Albert Camus
Albert Camus
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Os melhores cegos...
Nunca quiseste
ver-me chorar,
embora fosse fácil.
Não quero
ver-te morrer,
embora seja fácil.
Maria José Meireles
ver-me chorar,
embora fosse fácil.
Não quero
ver-te morrer,
embora seja fácil.
Maria José Meireles
sábado, 8 de janeiro de 2011
NO CÉU
No céu, os militantes,
os padecentes
e os triunfantes
seremos só amantes.
Adélia Prado
Oráculos de Maio.
os padecentes
e os triunfantes
seremos só amantes.
Adélia Prado
Oráculos de Maio.
NEUROLINGÜÍSTICA
Quando ele me disse ô linda,
pareces uma rainha,
fui ao cúmice do ápice
mas segurei meu desmaio.
Aos sessenta anos de idade,
vinte de casta viuvez,
quero estar bem acordada,
caso ele fale outra vez.
Adélia Prado
pareces uma rainha,
fui ao cúmice do ápice
mas segurei meu desmaio.
Aos sessenta anos de idade,
vinte de casta viuvez,
quero estar bem acordada,
caso ele fale outra vez.
Adélia Prado
Pensamento do dia...
O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...
Mário Quintana
Mário Quintana
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Pôr-do-sol...
Se pudesses saber
que o amor
é negócio da alma
não dirias
ter saudades
do que não viveste.
Maria José Meireles
que o amor
é negócio da alma
não dirias
ter saudades
do que não viveste.
Maria José Meireles
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
domingo, 2 de janeiro de 2011
O Pastor
Pastor, pastorinho,
onde vais sozinho?
Vou àquela serra
buscar uma ovelha.
Porque vais sozinho,
pastor, pastorinho?
Não tenho ninguém
que me queira bem.
Não tens um amigo?
Deixa-me ir contigo.
Eugénio de Andrade
onde vais sozinho?
Vou àquela serra
buscar uma ovelha.
Porque vais sozinho,
pastor, pastorinho?
Não tenho ninguém
que me queira bem.
Não tens um amigo?
Deixa-me ir contigo.
Eugénio de Andrade
Era - Infinity - 1001 Noites ~ Ruben Alves
(Desejo a todos 2011 Noites (com todos os seus dias)...:))
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