quarta-feira, 5 de julho de 2017

A menina e a fada madrinha

Maria era uma menina muito traquina, mas muito boa menina e havia uma fada malvada que queria controlar as suas traquinices.

Ora a fada malvada, Mafalda, teve a ousadia de dizer à boa menina que ela era má e que, se continuasse a fazer traquinices, acabaria sozinha.

A menina traquina, ingenuamente, informou a fada malvada que preferia ficar só do que ficar mal acompanhada.

Mafalda aproveitou essa informação preciosa e, a cada traquinice, desejava que a boa menina fosse cercada de más companhias.

E assim vivia Maria, sempre traquina, sempre ingénua e cada vez mais cercada por más companhias até que um dia… ganhou medo da solidão.

Com medo, a menina já quase nem era traquina e já quase nem era uma boa menina.

Foi, então, que Maria encontrou uma fada madrinha que percebeu que a menina era muito traquina e muito boa menina, mas que tinha medo da solidão.

Ora a fada madrinha, Ritinha, que era uma solitária, mostrou à menina que a solidão nada tem de medonho e que até pode ser muito agradável. Ensinou-lhe, também, que era muito importante saber estar só. Ela dizia que, quem não sabe estar só, não pode ser uma boa companhia.

Assim, Maria começou por treinar a solidão aos poucos até perder o medo de estar só.

Depois descobriu o prazer da comunhão com a Natureza que só se pode experimentar com alguma solidão.

Descobriu, igualmente, que sozinha conseguia ouvir música e ler com uma concentração maior e que a sua traquinice ganhava asas em formas criativas de pensar...

E a menina aprendeu a arte de ser feliz, como no poema de Cecília Meireles, aprendeu a olhar e a ver as pequenas felicidades certas.


Maria José Meireles

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