Ilustração de ©Yelena Bryksenkova |
Este meu chão,
Este chão aos quadrados,
Cheio de passos e passinhos
De quem já foi... Não!,
Que ainda são, os meus passos meninos.
Percorro as divisões vestidas de silêncios e de saudade,
Abro e fecho portas à procura das gargalhadas soltas
Nos dias em que eramos todos criança.
Não foram tantas vezes assim,
O trabalho chamava por mim.
Por isso, talvez, esta procura constante dos sorrisos
Que mais pareciam campainhas no meu olhar...
E olho as minhas mãos tão solitárias de afagos
E os meus braços tão vazios...!
Que os meus olhos se encham de lágrimas,
Caindo nos quadrados com passinhos ainda guardados
De quem me é amor, ainda que em silêncio
Encrostado nas divisões de cor.
Onde os meus anjos irrequietos
Encostaram as suas asas, deixando a energia
Com que tento contrariar a ociosidade do meu abraço
E dar rumo às histórias que este chão me lembra,
Extinguir esta dor lume
E as sombras das paredes em queixume,
Testemunhas das saudades que aqui moram.
LUANA LUA, in VOO ENTRE FACES (Versbrava, Porto, 2016)
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