terça-feira, 30 de julho de 2019

Encontro-me...

Onde
antes
imaginava
trevas
encontro
agora
rios
e rios
de luz.

Maria José Meireles

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Pensamento do dia...

O que eu quero é o que eu devo e o que eu devo é o que eu quero. Essa é a paz que procuro e que encontro.

Maria José Meireles

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Belgais

Belgais é um paraíso no meio de um paraíso. Uma estrada de alcatrão permite revelar o que o relevo oculta ao viandante desprevenido. O enquadramento na paisagem é perfeito. Tudo em harmonia: o canto da cigarra e o silêncio da terra, o voo do tordo reflectido na água de uma piscina, o murmúrio do vento que nos embala no cheiro da terra molhada, a sombra da nuvem que se funde na sombra da árvore, o contraste entre a azáfama das formigas e o descuidado chapinhar da criança nua na pedra molhada…

Dentro e fora das casas que compõem o complexo, sente-se o equilíbrio entre dentro e fora: o aroma do eucalipto e o rendilhado da cortina; o espaldar do leito com o verniz do soalho e o travejamento do telhado, a mesinha de cabeceira embutida numa parede embutida na paisagem… Melhor fora dizer que não existe o dentro e o fora. E, em cada recanto, um piano, a lembrar que, no princípio… era a música.

A música que chegou ao cair da tarde. O canto dos pássaros recolhidos juntou-se às vozes de muitas crianças do coro de Belgais. Entrámos no auditório como se numa igreja entrássemos. Participámos numa liturgia de sons, que penetraram o mais profundo dos corpos e acariciaram os nossos sentidos, antes doentes de ruído e de pressa. Uma etérea fragrância de flores silvestres insinuou-se entre as frestas do granito, fundiu-se com o perfume das flores da laranjeira, cujos ramos tangiam a porta, impelidos pelo sopro suave do vento suão. Indescritível!…

Maria João Pires? uma das mais celebradas pianistas da actualidade? fundou um centro de cultura na aldeia de Belgais. E agregou ao projecto uma escola pública. Numa escola rural da vizinha aldeia da Mata, bem no interior de Portugal, onde, antes, só se aprendia a ler a fazer contas, a educação artística despontou.

Na minha busca incessante de escolas onde a mudança acontece, fui conhecer Belgais. O projecto não se queda pela aparência e merece apoio dos que deveriam zelar pelo desenvolvimento cultural dos portugueses. Esse projecto foi o sonho de uma vida, fruto da intuição e da sensibilidade de uma mulher que soube defrontar dificuldades, mas que se cansou da indiferença? Maria João Pires admitiu a possibilidade de partir para o Brasil, saturada da lusitana mediocridade.

Numa entrevista, admitiu que poderia desistir do projecto e abandonar o Centro para o Estudo das Artes de Belgais: Sofri fisicamente todos aqueles anos em que me dediquei ao projecto e tentei fazer tudo, e não consegui…

Maria João parece ter optado pelo exílio, à semelhança de Saramago e de muitos outros portugueses, que não encontram condições de trabalho no país do Salazar.

Quando visitei Belgais, estava acompanhado por professores da Escola da Ponte. Recentemente, conversei com alguns desses professores sobre as impressões da visita e a mágoa da Maria João. Logo estabeleceram um paralelo entre os obstáculos que se colocam a Belgais e ao seu trabalho na Ponte.

Aquilo que escapa à mediocridade reinante parece ser um estorvo para a inveja e a tacanhez de espírito.

A revolução de Abril de 1974, devolveu a liberdade ao povo português, mas algo falhou na transição de regime. Talvez porque, no dia 24 de Abril, os portugueses tivessem adormecido num regime fascista e acordassem, na manhã do dia 25, acreditando já serem democratas…

(2008, Anónimo...)

Obrigada Belinha!

domingo, 21 de julho de 2019

Obrigada Adalberto!


Os bons espíritos encontram-se sempre

sábado, 20 de julho de 2019

sexta-feira, 19 de julho de 2019

domingo, 14 de julho de 2019

Pensamento do dia...

Que Deus nos tire a cegueira para que cada um de nós possa experimentar um pouquinho de céu já nesta terra.

Belinha Miranda

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Entre
lobos
e cordeiros
escolheu
a terceira margem
do rio
porque a verdade
disse
cansa sempre
muito menos.

Maria José Meireles

domingo, 7 de julho de 2019

A voz dos animais, ditos irracionais

Cada qual na sua voz
Os animais se entendem
Quase nunca andam sós
Para o gregarismo tendem.

Temos o leão que ruge
Mocho nocturno que pia
Temos a vaca que muge
E a anta, que assobia.

O elefante, que barre
E a cobra, que sibila
Temos a ovelha que bale
E o pavão, que pupila.

O cão late, gane e ladra
Hiena ulula e o grou grulha
Louro papagaio palra
Elegante, o pombo arrulha.

Corvo e coruja, crocitam
Araponga (ave) estridula
O coelho e rato, guincham
Sua voz sempre circula.

E o camelo, blatera
Cisne, arensa, grasna a arara
Ronca o tigre, forte fera
O seu ataque não pára.

E o peru, gruguleja
Ainda o macaco guincha
A galinha, cacareja
E o cavalo... relincha.

Mia o gato, uiva o lobo
Enquanto o grilo cricrila
Também crocita o corvo
A andorinha pipila.

Muitos mais seres existem
Cujos nomes não me assistem
Para os assinalar.
Tomarei isso em conta
Mas é trabalho de monta
Depois irei pesquisar.

Carmindo Ramos

No Bom Jesus

Rui Moura Baía - Passeio no Bom Jesus

Vou ao Bom Jesus
E não estou noutro lado
Viajo a um tempo
Parado
Em cada árvore
Cada recanto
Vivo memórias
Que não são minhas!
Memórias de espanto:
De Amores
E dores
Que não me pertencem!
Vivo Pinturas e Poemas
Que não fiz
Mas tomo meus!
Porque saio de mim
E sou uma alma
Perante realeza
Uma alma cheia com tanta Beleza

Rui Moura Baia

sábado, 6 de julho de 2019

Presente…




Hoje
faltam-me palavras
para te dizer
a minha gratidão.
Hoje
quis escrever
o mais belo poema
para dizer
que és a justiça,
a verdade
e a beleza.

Maria José Meireles

Desafio SOCIEDADE DIGITAL (conclusão)...

Sentem-se lesados

mas não conseguem

deprimir.

Têm o coração

cada vez mais cheio

de ódio

e uma certeza:

no parlamento

não há um único

inocente.



Maria José Meireles

Parabéns Elza!

quarta-feira, 3 de julho de 2019