quinta-feira, 29 de agosto de 2019
quarta-feira, 28 de agosto de 2019
Noite de trovão
Não! Eu não quero
As noites em Branco
Não quero este lápis
Esta tinta outra vez
E ele risca-me a alma
E ela enche-ma oh Deus
da dor do querer
E eu não quero outra vez ...
O cursor não pára
Procura procura
Tão bela é a luz
E eu não quero vê-la!
E ela volta e volta
E o cursor não pára
E o erro avança
E a tinta repara
O risco do lápis
Que eu nem quero ler!
O trovão rasga a noite
E o seu terror é belo
E seus olhos de noite
Meus dias distorcem
E eu não quero vê-los
Que a noite é negra
E os sonhos são belos
Mas não quero tê-los
Beijos e esconde-los
Se os não puder ter
Não quero! Não quero!
Não! Não!
Quero! Quero! ...
Rui Moura Baía
domingo, 25 de agosto de 2019
sábado, 24 de agosto de 2019
No colapso de todas as guerras...
Vencidos
pelo cansaço
no colapso
de todas as guerras
seguimos agora
de mãos dadas
e cheios
de alegria.
Maria José Meireles
pelo cansaço
no colapso
de todas as guerras
seguimos agora
de mãos dadas
e cheios
de alegria.
Maria José Meireles
sexta-feira, 23 de agosto de 2019
sexta-feira, 16 de agosto de 2019
Recordo
Recordo
Primeiro dia de escola
Menino sentado na carteira
A chorar abandonado
Recordo
Menino de bibe
Acocorado
Arrancando ervas
A limpar o quintal
Recordo
Um grande amor
Que te levou comigo
Que me levou contigo
Onde quer que fossemos
Recordo
Homem em áfrica
Vestido de guerra, pacífico
Não estranhou a terra
Não estranhou as gentes
Apenas os poentes
A horas certas, repentinos
Recordo
Pai de filho pequenino
A mamar e adormecer
Mãe dormente sorridente
O colinho para o arroto
Mudar a fralda e deitar
Recordo…
Sonho-me
Ar transparente
Azul profundo
Que cobre a terra
Negro infinito
Entre galáxias
Alf. Ago. / 2019
Primeiro dia de escola
Menino sentado na carteira
A chorar abandonado
Recordo
Menino de bibe
Acocorado
Arrancando ervas
A limpar o quintal
Recordo
Um grande amor
Que te levou comigo
Que me levou contigo
Onde quer que fossemos
Recordo
Homem em áfrica
Vestido de guerra, pacífico
Não estranhou a terra
Não estranhou as gentes
Apenas os poentes
A horas certas, repentinos
Recordo
Pai de filho pequenino
A mamar e adormecer
Mãe dormente sorridente
O colinho para o arroto
Mudar a fralda e deitar
Recordo…
Sonho-me
Ar transparente
Azul profundo
Que cobre a terra
Negro infinito
Entre galáxias
Alf. Ago. / 2019
Canções de embalar
Não sei
Não sei cantar.
Histórias de embalar
Não sei
Não sei contar.
Só recordações
Posso tentar
Para te pôr feliz
A dormir e sonhar.
Ouves o vento
Nas frinchas a uivar?
Não te aflijas,
Sonha em paz…
Abre a janela,
O vento livre
Põe o teu moinho de vento
A rodar a rodar.
Sonha com teu moinho
Suave, a rodar.
Sonha com o vento
Nas searas a ondular
É bom
Nas planícies do Alentejo
Sentir o vento passar.
Sonha o infinito do mar
Em que navegaste
Tão azul tão distante.
Mar azul e frio
Transparente, calmo
Em que nadaste
Sob um céu infinito.
Sonha as estrelas
Da escura noite límpida
Como não se vê na cidade.
Sonha nuvens brancas
Em céu azul.
Sonha nuvens negras
Em céu de tempestade.
Não fazem mal
Não te inquietes
Só trazem chuva
Linda, de ver chover.
Talvez relâmpagos
Lindos de ver brilhar
A ziguezaguear.
Sonha montes e vales
Com casinhas pequeninas
Sonha o poente
Sonha o mar
Sonha o ar transparente
Sonha o sol e as estrelas a brilhar
Sonha feliz e contente
O papão não vai voltar.
Tudo calmo tudo quieto
Para tu sonhares.
Alf. Ago / 2019
Não sei cantar.
Histórias de embalar
Não sei
Não sei contar.
Só recordações
Posso tentar
Para te pôr feliz
A dormir e sonhar.
Ouves o vento
Nas frinchas a uivar?
Não te aflijas,
Sonha em paz…
Abre a janela,
O vento livre
Põe o teu moinho de vento
A rodar a rodar.
Sonha com teu moinho
Suave, a rodar.
Sonha com o vento
Nas searas a ondular
É bom
Nas planícies do Alentejo
Sentir o vento passar.
Sonha o infinito do mar
Em que navegaste
Tão azul tão distante.
Mar azul e frio
Transparente, calmo
Em que nadaste
Sob um céu infinito.
Sonha as estrelas
Da escura noite límpida
Como não se vê na cidade.
Sonha nuvens brancas
Em céu azul.
Sonha nuvens negras
Em céu de tempestade.
Não fazem mal
Não te inquietes
Só trazem chuva
Linda, de ver chover.
Talvez relâmpagos
Lindos de ver brilhar
A ziguezaguear.
Sonha montes e vales
Com casinhas pequeninas
Sonha o poente
Sonha o mar
Sonha o ar transparente
Sonha o sol e as estrelas a brilhar
Sonha feliz e contente
O papão não vai voltar.
Tudo calmo tudo quieto
Para tu sonhares.
Alf. Ago / 2019
quarta-feira, 14 de agosto de 2019
terça-feira, 13 de agosto de 2019
Regresso ao Lar
Ai, há quantos anos que eu parti chorando
deste meu saudoso, carinhoso lar!...
Foi há vinte?... Há trinta?... Nem eu sei já quando!...
Minha velha ama, que me estás fitando,
canta-me cantigas para me eu lembrar!...
Dei a volta ao mundo, dei a volta à vida...
Só achei enganos, decepções, pesar...
Oh, a ingénua alma tão desiludida!...
Minha velha ama, com a voz dorida.
canta-me cantigas de me adormentar!...
Trago de amargura o coração desfeito...
Vê que fundas mágoas no embaciado olhar!
Nunca eu saíra do meu ninho estreito!...
Minha velha ama, que me deste o peito,
canta-me cantigas para me embalar!...
Pôs-me Deus outrora no frouxel do ninho
pedrarias de astros, gemas de luar...
Tudo me roubaram, vê, pelo caminho!...
Minha velha ama, sou um pobrezinho...
Canta-me cantigas de fazer chorar!...
Como antigamente, no regaço amado
(Venho morto, morto!...), deixa-me deitar!
Ai o teu menino como está mudado!
Minha velha ama, como está mudado!
Canta-lhe cantigas de dormir, sonhar!...
Canta-me cantigas manso, muito manso...
tristes, muito tristes, como à noite o mar...
Canta-me cantigas para ver se alcanço
que a minha alma durma, tenha paz, descanso,
quando a morte, em breve, ma vier buscar!
Guerra Junqueiro, in 'Os Simples'
deste meu saudoso, carinhoso lar!...
Foi há vinte?... Há trinta?... Nem eu sei já quando!...
Minha velha ama, que me estás fitando,
canta-me cantigas para me eu lembrar!...
Dei a volta ao mundo, dei a volta à vida...
Só achei enganos, decepções, pesar...
Oh, a ingénua alma tão desiludida!...
Minha velha ama, com a voz dorida.
canta-me cantigas de me adormentar!...
Trago de amargura o coração desfeito...
Vê que fundas mágoas no embaciado olhar!
Nunca eu saíra do meu ninho estreito!...
Minha velha ama, que me deste o peito,
canta-me cantigas para me embalar!...
Pôs-me Deus outrora no frouxel do ninho
pedrarias de astros, gemas de luar...
Tudo me roubaram, vê, pelo caminho!...
Minha velha ama, sou um pobrezinho...
Canta-me cantigas de fazer chorar!...
Como antigamente, no regaço amado
(Venho morto, morto!...), deixa-me deitar!
Ai o teu menino como está mudado!
Minha velha ama, como está mudado!
Canta-lhe cantigas de dormir, sonhar!...
Canta-me cantigas manso, muito manso...
tristes, muito tristes, como à noite o mar...
Canta-me cantigas para ver se alcanço
que a minha alma durma, tenha paz, descanso,
quando a morte, em breve, ma vier buscar!
Guerra Junqueiro, in 'Os Simples'
Silêncios...
Nunca fomos
tão íntimos
nem tão recíprocos
como quando
todos os silêncios
gritavam palavras
de ouro.
Maria José Meireles
tão íntimos
nem tão recíprocos
como quando
todos os silêncios
gritavam palavras
de ouro.
Maria José Meireles
sábado, 10 de agosto de 2019
quarta-feira, 7 de agosto de 2019
terça-feira, 6 de agosto de 2019
Maria Ninguém
Pode ser que haja alma melhor, pode ser
Pode ser que haja alma pior, muito bem
Mas igual à Maria que eu tenho
No mundo inteirinho
Igualzinha não tem
Maria Ninguém
É Maria e é Maria, meu bem
Se eu não sou João de nada
Maria que é minha é Maria ninguém
Maria Ninguém
É Maria como as outras também
Só que tem que ainda é melhor
Do que muita Maria que há por aí
Marias tão frias, cheias de manias
Marias vazias pro nome que tem
Maria Ninguém
É um dom que muito homem não tem
Haja visto quanta gente que chama Maria
E Maria não vem
Maria Ninguém
É Maria e é Maria, meu bem
Se eu não sou João de nada
Maria que é minha é Maria ninguém
Maria ninguém
É um dom que muito homem não tem
Haja visto quanta gente que chama Maria
E Maria não vem
Maria Ninguém
É Maria e é Maria, meu bem
Se eu não sou João de nada
Maria que é minha é Maria Ninguém
Antonio Carlos Jobim, Herbie Mann e João Gilberto
segunda-feira, 5 de agosto de 2019
sábado, 3 de agosto de 2019
Tempo...
Dizes:
não te tiro
tempo
senão tiro-te
o tempo
todo.
Digo:
não te dou
tempo
senão dou-te
o tempo
todo.
Maria José Meireles
sexta-feira, 2 de agosto de 2019
quinta-feira, 1 de agosto de 2019
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