quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

QUEM SOMOS

Afinal quem somos nós?
Somos pais, somos avós
E eu já bisavô sou
Somos o fruto do tempo
Que de momento a momento
Do tempo se apropriou.

Viver enquanto se é novo
Diz-nos o sábio povo
É um viver diferente
Daquele que já na velhice
Comporta a grande chatice
Da idade decadente.

Somos seres experientes
Ousados, inteligentes
Que enfrentámos a vida
Contra/ventos e marés
Surgidos aos nossos pés
De cabeça bem erguida.

Vai para mais de dois anos
Que pouco nos encontramos
A Covid não deixou
Menos ativa agora
Relação humana melhora
A "tempestade" amainou.

Foram os confinamentos
Vacinações, contra/tempos
Com perda de muitas vidas
Alastrou por todo o mundo
Constrangimento profundo
E tantas dores soridas.

Agora, daqui prá frente
Ficamos na espectativa
Que a Covid se ausente
De forma definitiva.

Mas um mal nunca vem só
Sabeis bem, e mete dó
Quase de forma instantânea
Um Putine prepotente
Surpreendeu toda a gente
Levando a guerra à Ucrânia.

Sem qualquer estranheza
Recordamos, com certeza
Os bons momentos vividos
Sem Covid e sem guerra
Cada qual na sua terra
Disso não estamos esquecidos.

Minha mensagem final
A todos feliz Natal
Com saúde e muito amor
Que a guerra acabe depressa
É o que mais interessa
Já basta de tanto horror.

Carmindo Ramos

Quando Um Homem Quiser


Tu que dormes à noite na calçada do relento
numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que dormes só o pesadelo do ciúme
numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
e sofres o Natal da solidão sem um queixume
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
é quando um homem quiser
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
tu que inventas bonecas e comboios de luar
e mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Ary dos Santos, in 'As Palavras das Cantigas'