sexta-feira, 21 de março de 2014

Improviso para Pablo Neruda ou um pouco antes...

Número um
um plátano em Pocinhos do Rio Verde
Minas Gerais
número dois
um braço sobre o oceano
e as ondas que esse dique contivesse
número três
um barco menor
soluçando perfis sobre o Tejo
número quatro
muitas folhas
e o vento dessa ode imperfeita
de Álvaro de Campos
número cinco
a Tabacaria que nunca fecha
sobre os dez minutos do exacto universo
em que ainda cabemos
número seis
sete lágrimas ou oito
suspensas de Cole Porter
número sete
o Gerês no outro lado da ilha
e a Amarela
número oito
um filme que adiasse a morte
do actor que nunca chegou a ser
número nove
o cais onde todos desembarcam
número dez
uma carta
com a poesia toda dentro.

Ademar

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