Grávida da tua luz
serias suspeito
se não fosses culpado.
Maria José Meireles
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
domingo, 26 de fevereiro de 2012
As camélias...
As camélias
estão tão bonitas
meu bem
hoje
abriste a porta
meu bem
ofereci-te um ramo
e cheirou a Primavera.
Maria José Meireles
estão tão bonitas
meu bem
hoje
abriste a porta
meu bem
ofereci-te um ramo
e cheirou a Primavera.
Maria José Meireles
sábado, 25 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Impressão Digital
Os meus olhos são uns olhos,
e é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos,
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos, diz flores!
De tudo o mesmo se diz!
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Pelas ruas e estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente!!
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos,
D.Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos!
Vê gigantes? São gigantes!
António Gedeão, in Movimento Perpétuo
e é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos,
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos, diz flores!
De tudo o mesmo se diz!
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Pelas ruas e estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente!!
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos,
D.Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos!
Vê gigantes? São gigantes!
António Gedeão, in Movimento Perpétuo
No paraíso...
Tiraram a roupa
fizeram coisas
inspiradoras
como desejavam
há muito tempo
e mataram,
como em Sodoma
ou Gomorra,
toda a saudade.
Maria José Meireles
fizeram coisas
inspiradoras
como desejavam
há muito tempo
e mataram,
como em Sodoma
ou Gomorra,
toda a saudade.
Maria José Meireles
Etiquetas:
Alcina Ribeiro,
Led Zeppelin,
Poema
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Juízo Final...
Na cama
do hospital,
enquanto a morte
(sua amante secreta)
sempre boa conselheira
lhe dava a mão,
percebeu-se traída
pelo reino de deus.
Teve ainda coração
para mandar o pastor...
"dar meia volta"!...
E assim se salvou,
arrependeu-se.
Maria José Meireles
Etiquetas:
Caetano Veloso,
Chico Buarque,
Poema
Maestro...
Para te dizer
não basta
pôr o Mar
num buraquinho
é necessário
pôr a Terra inteira
e talvez até o Céu.
Maria José Meireles
não basta
pôr o Mar
num buraquinho
é necessário
pôr a Terra inteira
e talvez até o Céu.
Maria José Meireles
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Pensamento do dia...
És uma imensidão que me acolhe.
Andreia Pedrosa
Andreia Pedrosa
Etiquetas:
Andreia Pedrosa,
Pensamento
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Cegueira...
A presença discreta
desferiu golpes
que sangraram somente
quinze dias depois.
O punhal era a língua
a voz doce
e serena
deixou o universo
do avesso
e ninguém sabe
quem foi.
Maria José Meireles
desferiu golpes
que sangraram somente
quinze dias depois.
O punhal era a língua
a voz doce
e serena
deixou o universo
do avesso
e ninguém sabe
quem foi.
Maria José Meireles
sábado, 18 de fevereiro de 2012
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Nau Mentireta
Lá vai a Nau Mentireta
Que tem muito que contar,
Já passa mais de ano e dia
Que anda nas ondas do mar.
(...)
Junto da costa africana
O Gigante Adamastor,
Como estava constipado,
Pediu-lhe um cobertor.
(...)
Partiram para a Guerra Santa,
Só viram a guerra errada,
Em nenhuma havia santos,
E todas tinham pancada.
(...)
Quando apertava o calor
Foram à Índia distante.
Para fazer de chuveiro
Compraram um elefante.
(...)
Descobriram no Brasil
O Carnaval e o samba.
De tanto que lá dançaram
Ficaram de perna bamba.
(...)
Já vêem terras de Espanha,
Areias de Portugal,
Três burros tocando flauta
Debaixo dum laranjal.
Luísa Ducla Soares
(1992). A Nau Mentireta. Porto: Civilização
Que tem muito que contar,
Já passa mais de ano e dia
Que anda nas ondas do mar.
(...)
Junto da costa africana
O Gigante Adamastor,
Como estava constipado,
Pediu-lhe um cobertor.
(...)
Partiram para a Guerra Santa,
Só viram a guerra errada,
Em nenhuma havia santos,
E todas tinham pancada.
(...)
Quando apertava o calor
Foram à Índia distante.
Para fazer de chuveiro
Compraram um elefante.
(...)
Descobriram no Brasil
O Carnaval e o samba.
De tanto que lá dançaram
Ficaram de perna bamba.
(...)
Já vêem terras de Espanha,
Areias de Portugal,
Três burros tocando flauta
Debaixo dum laranjal.
Luísa Ducla Soares
(1992). A Nau Mentireta. Porto: Civilização
domingo, 12 de fevereiro de 2012
sábado, 11 de fevereiro de 2012
há poetas com musa. Muitos.
Há poetas com musa. Muitos.
Eu, neste jardim do Éden,
a cargo do município,
onde um velho destece a sua vida
e, baixando o olhar,
ainda lhe afaga a trama,
quando a poesia se afoita,
amuo
na agrura de, ao acordar,
tê-la sonhado.
SEBASTIÃO ALBA
Eu, neste jardim do Éden,
a cargo do município,
onde um velho destece a sua vida
e, baixando o olhar,
ainda lhe afaga a trama,
quando a poesia se afoita,
amuo
na agrura de, ao acordar,
tê-la sonhado.
SEBASTIÃO ALBA
fim de poema
Para que nem tudo vos seja sonegado,
cultivai a surdina.
Eu fico em surdina.
Em surdina aparo
os utensílios,
em surdina me preparo
para morrer.
Amo, chut!, em surdina;
a minha vida,
nesga entre dois ponteiros, fecha-se
em surdina.
SEBASTIÃO ALBA
cultivai a surdina.
Eu fico em surdina.
Em surdina aparo
os utensílios,
em surdina me preparo
para morrer.
Amo, chut!, em surdina;
a minha vida,
nesga entre dois ponteiros, fecha-se
em surdina.
SEBASTIÃO ALBA
Intifada...
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Montra do Tempo
No centro da inóspita arena
Dois cavalheiros travam de razões
Um mais atarracado, a voz serena
O outro, esguio, clama ovações
"É Vossa Excelência ocioso
Por cada volta sua, vinte e quatro!"
"Amigo, é o meu tempo precioso.
Não ando aqui só a fazer teatro."
No meio disto soa voz infante
Dum canto ignorado solitária
Mas que, pela razão, se faz ovante
"Nenhum dos dois do tempo sabe história
Só eu, nesta cadência primária
Lhe vou sendo capaz de emprestar glória!"
Ricardo Reis
Dois cavalheiros travam de razões
Um mais atarracado, a voz serena
O outro, esguio, clama ovações
"É Vossa Excelência ocioso
Por cada volta sua, vinte e quatro!"
"Amigo, é o meu tempo precioso.
Não ando aqui só a fazer teatro."
No meio disto soa voz infante
Dum canto ignorado solitária
Mas que, pela razão, se faz ovante
"Nenhum dos dois do tempo sabe história
Só eu, nesta cadência primária
Lhe vou sendo capaz de emprestar glória!"
Ricardo Reis
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Das crianças
À sombra da criança a sombra não existe.
o tempo já não é tempo e as janelas abrem para fora dos pilares do ar.
as crianças apaziguam-nos os olhos como um organismo vivo
ou como a cicatriz de uma folha que partiu pela primavera fora.
e chegam-nos com chaves por uma fenda horária do arco-íris
habitando-nos com búzios e peixes prismáticos na fechadura das portas.
e são aéreas. e terrestres. e fazem-nos subir as lágrimas através do espelho do fogo
- através de pseudópodes, urtigas, saltos, unhas concêntricas cravadas na terra. -
viajam também através de labirintos, quedas d’ água, desertos,
cavernas sonoras, por ritmos incalculáveis
e depositam claridades no pólen dos lábios.
as crianças falam-nos de uma outra língua,
parente da poesia,
e encostamos o ouvido às suas janelas,
aos seus ovos de geleia real.
procuramos água, interstícios, fontes, uma palavra invisível e imóvel.
às vezes uma formiga é uma questão sonora
e as crianças atingem o mais alto grau de cintilação na língua.
o sonho é a sua substância primordial.
as crianças nunca falam do poema em voz alta.
praticam-no dentro do corpo e não precisam de o escrever em nenhum papel.
Aspiram ao íntimo dos livros com a boca no turbilhão dos nomes.
maria azenha
o tempo já não é tempo e as janelas abrem para fora dos pilares do ar.
as crianças apaziguam-nos os olhos como um organismo vivo
ou como a cicatriz de uma folha que partiu pela primavera fora.
e chegam-nos com chaves por uma fenda horária do arco-íris
habitando-nos com búzios e peixes prismáticos na fechadura das portas.
e são aéreas. e terrestres. e fazem-nos subir as lágrimas através do espelho do fogo
- através de pseudópodes, urtigas, saltos, unhas concêntricas cravadas na terra. -
viajam também através de labirintos, quedas d’ água, desertos,
cavernas sonoras, por ritmos incalculáveis
e depositam claridades no pólen dos lábios.
as crianças falam-nos de uma outra língua,
parente da poesia,
e encostamos o ouvido às suas janelas,
aos seus ovos de geleia real.
procuramos água, interstícios, fontes, uma palavra invisível e imóvel.
às vezes uma formiga é uma questão sonora
e as crianças atingem o mais alto grau de cintilação na língua.
o sonho é a sua substância primordial.
as crianças nunca falam do poema em voz alta.
praticam-no dentro do corpo e não precisam de o escrever em nenhum papel.
Aspiram ao íntimo dos livros com a boca no turbilhão dos nomes.
maria azenha
pharmacia poética
uns tomam prozac. outros fazem plásticas.
eu ouço o ranger das portas.
uso pastilhas de som em grandes teatros
os meus colaboradores são os objetos.
por exemplo, batata não quer dizer fome
nem mesa, nem supermercado.
faz-me abrir a boca e vocalizar em a
é um acordeão de cantar.
quando deprimo uso a língua
as vogais são minhas aliadas
e as consoantes vivem em frascos de vidro
não junto palavras
não uso cintas
componho símbolos
maria azenha
eu ouço o ranger das portas.
uso pastilhas de som em grandes teatros
os meus colaboradores são os objetos.
por exemplo, batata não quer dizer fome
nem mesa, nem supermercado.
faz-me abrir a boca e vocalizar em a
é um acordeão de cantar.
quando deprimo uso a língua
as vogais são minhas aliadas
e as consoantes vivem em frascos de vidro
não junto palavras
não uso cintas
componho símbolos
maria azenha
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Improviso para dizer nada...
Se a noite
perguntar por mim
diz-lhe por favor
que hoje fui mais cedo.
Ademar
perguntar por mim
diz-lhe por favor
que hoje fui mais cedo.
Ademar
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Os amigos
Os amigos são feitos de silêncio e bruma e vivem em casas
cercados de ouro e âmbar. comovem-se como as crianças
depositam ao crepúsculo páginas de bondade e vento .
há amigos que ainda não nasceram e chegam do futuro.
outros,em fragmentos de luz, foram-se embora
a partir de fissuras do poema. e chamam-me para dentro.
e vivem em pomares brancos.
de um amigo a outro, por vezes, cabe a sombra de uma escada
e aprendo a falar por degraus. e digo amor, ave, instrumento
saudade. e sou um rio de pequenos ramos a anoitecer na água.
por vezes encostam o ombro a uma nuvem. ou barco.ou asa
emprestando os seus dedos líricos à página escura do livro
que estou a ler. e são um dia azul muito quente
movido a ar e lume. e sinto-me crescer num arbusto de ternura.
os amigos dormem. estão de olhos abertos. sabem tudo
o que as crianças querem dizer. e são a luz dos meus olhos
quando fico cega. penso-os para toda a eternidade.
são diamantes rodeados de fogo e lágrimas.
maria azenha
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Contradições...
Habitam casas
com portas especiais
se não fossem como as portas
sabiam que eram iguais
aos que não precisam delas
para serem especiais.
Maria José Meireles
com portas especiais
se não fossem como as portas
sabiam que eram iguais
aos que não precisam delas
para serem especiais.
Maria José Meireles
Subscrever:
Mensagens (Atom)