sexta-feira, 26 de abril de 2013

Ciccio – Fala-nos de sentimentos ausentes









































A história é comovente e de uma ternura extraordinária tão profunda, que me atrevo a falar de sentimentos versus ausências, ou incongruências entre a Vida e a Morte de extraordinários seres-vivos. As pessoas que frequentam a igreja de Santa Maria Assunta em San Donaci, Itália, receberam a maior lição de amor e lealdade de um pastor alemão, nos últimos dois meses.

Maria Margherita Lochi, 57 anos adoptou há doze anos atrás Ciccio, pastor alemão encontrado abandonado em terreno baldio perto de sua casa. Ela era de uma alma fora do comum com animais domésticos abandonados, não resistia e acabava por salvar mais um das garras da polícia municipal, ou da imbecilidade das pessoas que os abandonavam.
A sua ligação com Ciccio era de uma dimensão humana muito especial, aparentemente o cão sentia o mesmo. O cão ia diariamente à igreja com a sua dona. O padre permitia a entrada de Ciccio na igreja, que esperava pacientemente a seus pés, durante a celebração da missa e de outras manifestações de carácter religioso. Dona Maria faleceu.

O seu funeral foi feito na igreja, lugar onde Ciccio a viu pela última vez.
Contudo Ciccio parece ter dificuldade em entender que a sua dona não volta mais, e para espanto dos fieis, continua indo à hora da missa, logo que ouve os sinos chamando os fiéis. O cão simplesmente senta-se ao lado do altar, em silêncio, na esperança de ver Dona Maria chegar.

Diz o pároco Donato Panna: - sempre que celebro missa o Ciccio comporta-se de uma maneira e um olhar tão comovente, que até as pessoas menos sensíveis se deixam cativar pela sua presença neste espaço sagrado. Não faz nenhum som nem uivo pela ausência da sua dona. Não tenho coração para expulsá-lo da igreja. Os fieis em San Donaci ficaram tão impressionados com a fidelidade de Ciccio, que em conjunto decidiram adoptá-lo e cuidar dele.

Remate final
Esta fidelidade do Ciccio, faz o coração da gente sofrer.
Não me esqueço e nunca deixo de me impressionar, como o  Capitán, cão que viveu no túmulo de seu dono durante 6 anos. Leão, cão que perdeu a dona no deslizamento de terras no Rio de Janeiro. O cão russo que guardou o corpo da sua dona durante uma semana, após ela ter sido atingida por um carro.

Histórias de Vida como estas, são exemplos de uma dimensão tão grande, que me fazem sentir pequeno para compreender, aceitar e amar, o ser-vivo que silenciosamente aceita, dedica  a sua forma de estar, na corda bamba da espécie humana, sem pedir este mundo e a cabeça d’outro nas horas pardas da monotonia e do esvaziamento existencial do coração solitário.

NOTA: Esta história foi-me enviada pelo detective e jornalista de investigação científica Dois Kapa, português, quando se encontrava em Itália à procura de Fumo Branco no Vaticano.

ajoVê, 2012/04/08

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