O jornalista e detective de informação científica Dois
Kapa, português, em serviço na Comunidade Europeia em Bruxelas, solicitou-me
que enviasse esta informação ao maior número de portugueses a viver em
Portugal.
As informações são deveras dramáticas e muito
perigosas para a saúde da maioria dos portugueses. É importante saber o que se
está a passar em Portugal, em matéria de saúde e governação, nos tempos que
correm (na direcção do cemitério mais próximo).
08/11/2013 - 12:32
O especialista em saúde pública Constantino
Sakellarides disse esta sexta-feira, que o ministro da Saúde Paulo Macedo,
corre o risco de sofrer de síndrome de Estocolmo (achar graça aos carcereiros),
e defendeu que este deve recusar na União Europeia mais cortes no sector,
avança a agência Lusa, citada pelo SAPO Saúde.
Durante a sua intervenção no VI Fórum Nacional sobre a
Gestão do Medicamento em Meio Hospitalar “Acesso à Inovação”, Constantino
Sakellarides denunciou aquilo que classificou de “teatro sistémico” e que
consiste nos condicionantes que levam os governos, a minimizar os sinais da
crise na saúde.
O também presidente da Associação Europeia de Saúde
Pública (AESP), ao debruçar-se sobre o que resultou da crise e do ajustamento
financeiro na área da saúde, concluiu que “o sistema politico não aprendeu
nada”.
Constantino Sakellarides enumerou várias evidências
que apontam para efeitos práticos da crise na saúde dos portugueses, as quais
lamentou que não sejam interpretados como tal pelos governantes.
A este propósito, enumerou um inquérito numa unidade
local de saúde, o qual identificou metade dos profissionais com a percepção de
que os problemas do foro mental tinham aumentado entre 2011 e 2012.
De uma forma mais precisa, Sakellarides deu conta de
registos médicos que apontavam para o aumento dos casos de depressão (mais 30
por cento) e de tentativas de suicídio (mais 35 a 50 por cento).
“Aqui a evidência ainda é maior, porque agora já não é
só a percepção dos profissionais, mas sim registos das unidades de saúde”,
disse. Outro dado apontado refere-se a uma Unidade de Saúde Familiar (USF) que
terá identificado nos seus utentes 16,5 por cento que deixaram de ir a uma
consulta, fazer um tratamento ou tomar medicamentos por razões económicas.
Estas terão sido as mesmas razões para 11,9 por cento
dos inquiridos desta USF terem deixado de fazer uma das refeições que
anteriormente fazia.
Constantino Sakellarides considera que existem outros
sinais, como as recaídas no consumo de heroína que triplicaram entre 2010 e
2012, que não deviam ser ignorados pelo governo e, a esse propósito,
questionou: “Uma pessoa tão inteligente como Paulo Macedo não sabe isso?”.
“Estamos condicionados por um teatro de regras
rigorosas”, disse, lamentando a dificuldade no acesso a informação –
determinante para a tomada acertada de decisões – espelhada num despacho que
“restringe o acesso à informação” (nº 9635/2013).
Para o antigo director-geral da Saúde, o ministro da
Saúde português tem “a obrigação moral de, junto dos seus colegas ministros da
União Europeia, apresentar um relatório sobre os efeitos da crise na saúde e
dizer que não podemos ter cortes mais na saúde.
“Só assim poderá tentar ultrapassar o grande teatro”,
disse, concluindo que, se não o fizer, Paulo
Macedo “corre o grave risco de sofrer o síndrome de Estocolmo: achar graça aos
seus carcereiros”.
2Kapa
(informação do detective de jornalismo científico Dois Kapa, em serviço na Comunidade Europeia, em Bruxelas.)
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