domingo, 28 de setembro de 2014
sábado, 27 de setembro de 2014
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Agora?!...
Tracei todos
os cenários
e sofri
com os piores
vens então
em minha defesa
tardiamente.
Maria José Meireles
os cenários
e sofri
com os piores
vens então
em minha defesa
tardiamente.
Maria José Meireles
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Chico Buarque,
Fragmento de bondade
domingo, 21 de setembro de 2014
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Ninguém come pedras
Era uma vez um rapaz muito estranho que bebia água. De todas as bebidas coloridas que há no mundo, logo teve que escolher água.
Experimentou todas as cores. Tentou beber o arco-íris inteiro, mas logo se empanturrou.
Um dia, nas suas andanças de menino, encontrou um homem bem velhinho. Tão velhinho que parecia transparente.
- Porque és assim? - o rapaz lhe perguntou.
- Assim como? – o velho ripostou.
- Tão transparente... – disse o rapaz.
- É de estar gasto... é de ter visto tantas coisas transparentes... transformei-me numa delas.
- Eu também gosto de coisas transparentes! Gosto de copos de água. – afirmou o menino.
- Copos de água? Porquê? O que fazes tu com eles? – questionou o velhote.
- Bebo, espreito, verto, engulo, vejo sempre para o outro lado! Vejo sempre coisas diferentes. Às vezes vejo grande, às vezes vejo pequeno, umas vejo magro, outras, gordo. É a melhor brincadeira do mundo.
II
Na caixa do correio o menino encontrou um envelope bem gordo. Dentro dizia que o velhinho já não estava mais por cá. Tinha-se esfumado no ar e já não havia vestígios da sua existência. Tinha-lhe deixado umas pedras transparentes e um papel amarelo com umas letras bonitas onde dizia que aquelas e muitas outras pedras transparentes que vinham de uma gruta da montanha eram dele. Podia fazer o que quisesse com elas.
Logo muitos espertalhões, de todos os países do mundo, apareceram com ideias maravilhosas de ganhar muito dinheiro e, com esse dinheiro, comprar muitos objetos ainda mais maravilhosos. Parecia que aquelas pedras eram muito valiosas...
Para o rapaz muito estranho, não havia nada de especial para pensar. Depois de muitas propostas ouvir, de muitos sábios atender e de muitas ideias considerar, regressou ao seu coração: “Quero continuar a brincar!” – pensou.
Sabia jogar um jogo e tinha que experimentar!
Propôs aos sábios a sua ideia. Todos a acharam um disparate, mas como o menino era dono das pedras transparentes, não o podiam contrariar. Até podiam não parecer inteligentes se o tentassem parar.
O rapaz sentou-se à porta da sua casa normal, com a sua roupa normal e o seu jeito normal. À sua frente havia uma mesa de madeira com um letreiro pousado, onde se podia ler:
TROCAM-SE PEDRAS
TRANSPARENTES POR
COPOS DE ÁGUA –
UM POR UM
Todos os que passavam estavam muito atarefados. Iam para algum lado fazer alguma coisa importante. Só os meninos e as meninas arrastavam os pais para brincar. Olhavam para as formas diferentes e para a luz a cintilar. Umas eram redondas, outras compridas, havia até umas bicudas. Dava para espreitar e até ver os adultos a crescer e a mingar. Começou então a troca que de boca em boca se espalhou:
- Há um menino em tal lugar que dá pedras transparentes em troca de um copo de água!
- Que tonto! – resmungava um.
- Que doido! – rezingava outro.
- Que génio! – maravilhou-se ainda outro.
- Que génio!?!?!? – questionaram-se tantos.
- Nós, aqui no nosso lugar, vamos trocar pedras douradas por sacos de trigo.
Mais uma vez os adultos passavam pela banca das pedras douradas e não queriam jogar aquele jogo. As crianças paravam, faziam as trocas e maravilhavam-se com o reflexo do sol a cintilar naquelas pedrinhas fantásticas.
De boca em boca, também esta história se espalhou e, mais uma vez o povo deu a sua opinião.
- Que tonto! – resmungava um.
- Que doido! – rezingava outro.
- Que génio! – maravilhou-se ainda outro.
- Que génio!?!?!? – questionaram-se tantos.
- Nós, aqui no nosso lugar, vamos trocar pedras prateadas por sacos de arroz.
Ainda outra vez os adultos não quiseram brincar. Os meninos, por seu lado, logo se encantaram com o brilho pálido do reflexo da lua nestas pedrinhas de encantar.
Pela terceira vez a história correu mundo e o povo deu a sua opinião.
- Que tonto! – resmungava um.
- Que doido! – rezingava outro.
- Que génio! – maravilhou-se ainda outro.
- Que génio!?!?!? – questionaram-se tantos.
III
Na terra do rapaz muito estranho que bebia água correu notícia de que a sede e a fome já não existiam. Em todas as terras do mundo esta notícia se espalhou. Aqueles bocadinhos de vidro e metal serviam agora para enfeitar as ruas das cidades onde os meninos podiam espreitar e ver o mundo a crescer ou a diminuir.
Maria João Marques
e Maria José Meireles
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
domingo, 14 de setembro de 2014
A aldeia que nunca mais foi a mesma
Era uma aldeia de pescadores de onde a alegria fugira, e os dias e as noites se sucediam numa monotonia sem fim, das mesmas coisas que aconteciam, das mesmas coisas que se diziam, dos mesmos gestos que se faziam, e os olhares eram tristes, baços peixes que já nada procuravam, por saberem inútil procurar qualquer coisa, os rostos vazios de sorrisos e de surpresas, a morte prematura morando no enfado, só as intermináveis rotinas do dia a dia, prisão daqueles que se haviam condenado a si mesmos, sem esperanças, nenhuma outra praia pra onde navegar...
Até que o mar, quebrando um mundo, anunciou de longe que trazia nas suas ondas coisa nova, desconhecida, forma disforme que flutuava, e todos vieram à praia, na espera... E ali ficaram, até que o mar, sem se apressar, trouxe a coisa e a depositou na praia, surpresa triste, um homem morto...
E o que é que se pode fazer com um morto, se não enterrá-lo? Tomaram-no então para os preparativos de funeral, que naquela aldeia ficavam a cargo das mulheres; às vezes é mais grato preparar os mortos para a sepultura que acompanhar os vivos na morte em que se perderam ao viver. Foi levado para uma casa, os homens de fora, olhando...
No corpo morto as algas, os líquens, as coisas verdes do mar, testemunhas de funduras e distâncias, mistérios escondidos para sempre no silêncio de sua boca sem palavras...
As mãos começaram o trabalho, e nada se dizia, só os rostos tristes... Até que uma delas, um leve tremor no canto dos lábios, balbuciou:
– “É, se tivesse vivido entre nós teria de se ter curvado sempre para entrar em nossas casas. É muito alto...”
E todas assentiram com o silêncio.
– “Fico a pensar em como teria sido a sua voz”, disse uma outra. “Teria sido como o quebrar das ondas? Como a brisa nas folhas? Será que ele conhecia a magia das palavras que, uma vez ditas, fazem uma mulher colher uma flor e a colocar nos cabelos?”
As outras sorriram, surpresas de memórias que começavam a surgir de profundezas, como bolhas que sobem de espaços submarinos, desejos há muito esquecidos.
Foi então que uma outra, olhando aquelas mãos enormes, inertes, disse as saudades que arrepiavam a sua pele:
– “Estas mãos... que terão feito? Terão tomado no seu vazio um rosto de mulher? Terão sido ternas? Terão sabido amar?”
E elas sentiram que coisas belas e sorridentes, há muito esquecidas, passadas por mortas, nas suas funduras, saíam do ouvido e vinham, mansas, se dizer no silêncio do morto. A vida renascia na morte graciosa de um morto desconhecido e que, por isto mesmo, por ser desconhecido, deixava que pusessem no seu colo os desejos que a morte em vida proibira...
E os homens, do lado de fora, perceberam que algo estranho acontecia: os rostos das mulheres, maçãs em fogo, os olhos brilhantes, os lábios úmidos, o sorriso selvagem, e compreenderam o milagre: vida que voltava, ressurreição de mortos... E tiveram ciúmes do afogado... Olharam para si mesmos, se acharam pequenos e domesticados, e perguntaram se aquele homem teria feito gestos nobres (que eles não mais faziam) e pensaram que ele teria travado batalhas bonitas (onde a sua coragem?), e o viram brincando com crianças (mas lhes faltava a leveza...), e o invejaram amando como nenhum outro (mas onde se escondera o seu próprio amor?)...
Termina a estória dizendo que eles, finalmente, o enterraram.
Mas a aldeia nunca mais foi a mesma...
Não, não é à toa que conto esta estória. Foi quando soube da morte – ela cresceu dentro de mim. Claro que eu já suspeitava: os cavalos de guerra odeiam crianças; e o bronze das armas odeia canções, especialmente quando falam das flores, e não se ouve o ruflar lúgubre dos tambores da morte. Foi naquele dia, fim de abril, o mês do céu azul e do vento manso. Eu sabia da morte, mas havia em mim um riso teimoso, mais forte que o carrasco, esperança, visão de coisas que eu não sabia vivas. Foi então que me lembrei da história. Não, foi ela que se lembrou de mim, e veio para dar nome aos meus sentimentos e se contou de novo. Só que agora os rostos anônimos viraram rostos que eu vira, caminhando e cantando, seguindo a canção, risos que corriam para ver a banda passar contando coisas de amor, os rojões, as buzinas, as panelas, sinfonia que se tocava sobre a desculpa de um morto...
Mas não era isto, não era o morto: era o desejo que jorrava, vida, mar que saía de funduras reprimidas e se espraiava como onda, espumas e conchinhas, mansa e brincalhona...
Ah! O povo se descobrira, tão bonito como nunca suspeitara...
Não era raiva.
Não era azia.
Nem mesmo fome ou desemprego.
O bonito foi isto mesmo: que de tantos golpes, de tanta dor, tenham surgido canções, tenha brotado uma flor.
Lembra-se? Aconteceu na estação da Páscoa...
A Vida ressurge da Morte.
Três dias, vinte anos, um século... Não importa...
Por favor: conte para alguém a estória da aldeia que, depois de enterrar um morto, nunca mais foi a mesma.. Nós...
P.S.: Quase me esqueci de dizer. A estória é de Gabriel Garcia Marquez. Eu só a recontei do meu jeito...
(Rubem Alves, crônica para o jornal “Folha de São Paulo”, em 19/05/1984)
Até que o mar, quebrando um mundo, anunciou de longe que trazia nas suas ondas coisa nova, desconhecida, forma disforme que flutuava, e todos vieram à praia, na espera... E ali ficaram, até que o mar, sem se apressar, trouxe a coisa e a depositou na praia, surpresa triste, um homem morto...
E o que é que se pode fazer com um morto, se não enterrá-lo? Tomaram-no então para os preparativos de funeral, que naquela aldeia ficavam a cargo das mulheres; às vezes é mais grato preparar os mortos para a sepultura que acompanhar os vivos na morte em que se perderam ao viver. Foi levado para uma casa, os homens de fora, olhando...
No corpo morto as algas, os líquens, as coisas verdes do mar, testemunhas de funduras e distâncias, mistérios escondidos para sempre no silêncio de sua boca sem palavras...
As mãos começaram o trabalho, e nada se dizia, só os rostos tristes... Até que uma delas, um leve tremor no canto dos lábios, balbuciou:
– “É, se tivesse vivido entre nós teria de se ter curvado sempre para entrar em nossas casas. É muito alto...”
E todas assentiram com o silêncio.
– “Fico a pensar em como teria sido a sua voz”, disse uma outra. “Teria sido como o quebrar das ondas? Como a brisa nas folhas? Será que ele conhecia a magia das palavras que, uma vez ditas, fazem uma mulher colher uma flor e a colocar nos cabelos?”
As outras sorriram, surpresas de memórias que começavam a surgir de profundezas, como bolhas que sobem de espaços submarinos, desejos há muito esquecidos.
Foi então que uma outra, olhando aquelas mãos enormes, inertes, disse as saudades que arrepiavam a sua pele:
– “Estas mãos... que terão feito? Terão tomado no seu vazio um rosto de mulher? Terão sido ternas? Terão sabido amar?”
E elas sentiram que coisas belas e sorridentes, há muito esquecidas, passadas por mortas, nas suas funduras, saíam do ouvido e vinham, mansas, se dizer no silêncio do morto. A vida renascia na morte graciosa de um morto desconhecido e que, por isto mesmo, por ser desconhecido, deixava que pusessem no seu colo os desejos que a morte em vida proibira...
E os homens, do lado de fora, perceberam que algo estranho acontecia: os rostos das mulheres, maçãs em fogo, os olhos brilhantes, os lábios úmidos, o sorriso selvagem, e compreenderam o milagre: vida que voltava, ressurreição de mortos... E tiveram ciúmes do afogado... Olharam para si mesmos, se acharam pequenos e domesticados, e perguntaram se aquele homem teria feito gestos nobres (que eles não mais faziam) e pensaram que ele teria travado batalhas bonitas (onde a sua coragem?), e o viram brincando com crianças (mas lhes faltava a leveza...), e o invejaram amando como nenhum outro (mas onde se escondera o seu próprio amor?)...
Termina a estória dizendo que eles, finalmente, o enterraram.
Mas a aldeia nunca mais foi a mesma...
Não, não é à toa que conto esta estória. Foi quando soube da morte – ela cresceu dentro de mim. Claro que eu já suspeitava: os cavalos de guerra odeiam crianças; e o bronze das armas odeia canções, especialmente quando falam das flores, e não se ouve o ruflar lúgubre dos tambores da morte. Foi naquele dia, fim de abril, o mês do céu azul e do vento manso. Eu sabia da morte, mas havia em mim um riso teimoso, mais forte que o carrasco, esperança, visão de coisas que eu não sabia vivas. Foi então que me lembrei da história. Não, foi ela que se lembrou de mim, e veio para dar nome aos meus sentimentos e se contou de novo. Só que agora os rostos anônimos viraram rostos que eu vira, caminhando e cantando, seguindo a canção, risos que corriam para ver a banda passar contando coisas de amor, os rojões, as buzinas, as panelas, sinfonia que se tocava sobre a desculpa de um morto...
Mas não era isto, não era o morto: era o desejo que jorrava, vida, mar que saía de funduras reprimidas e se espraiava como onda, espumas e conchinhas, mansa e brincalhona...
Ah! O povo se descobrira, tão bonito como nunca suspeitara...
Não era raiva.
Não era azia.
Nem mesmo fome ou desemprego.
O bonito foi isto mesmo: que de tantos golpes, de tanta dor, tenham surgido canções, tenha brotado uma flor.
Lembra-se? Aconteceu na estação da Páscoa...
A Vida ressurge da Morte.
Três dias, vinte anos, um século... Não importa...
Por favor: conte para alguém a estória da aldeia que, depois de enterrar um morto, nunca mais foi a mesma.. Nós...
P.S.: Quase me esqueci de dizer. A estória é de Gabriel Garcia Marquez. Eu só a recontei do meu jeito...
(Rubem Alves, crônica para o jornal “Folha de São Paulo”, em 19/05/1984)
sábado, 13 de setembro de 2014
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
Desiderate
Vai serenamente por entre a agitação e a pressa e
lembra-te da paz que pode haver no silêncio.
Sem seres subserviente, mantém-te tanto quanto
possível, em boas relações com todos.
Diz a tua verdade calma e claramente e escuta com
atenção os outros mesmo que menos dotados e ignorantes; também eles têm a sua
história.
Evita as pessoas barulhentas e agressivas; são
mortificações para o espírito.
Se te comparas com os outros podes tornar-te
presunçoso ou melancólico porque haverá sempre pessoas superiores e inferiores
a ti.
Apraz-te com as tuas realizações tanto como com
os teus planos. Põe todo o interesse na tua carreira ainda que ela seja
humilde; é um bem real nos destinos mutáveis do tempo.
Usa de prudência nos teus negócios porque o mundo está
cheio de astúcia; mas que isto não te cegue a ponto de não veres virtude onde
ela existe; muitas pessoas lutam por altos ideais e em todo o lado a vida está
cheia de heroísmo.
Sê fiel a ti mesmo. Sobretudo não simules afeição nem
sejas cínico em relação ao amor porque, em face da aridez e do desencanto, ele
é perene como a relva.
Toma amavelmente o conselho dos mais idosos,
renunciando com graciosidade às ideias da juventude.
Educa a fortaleza de espírito para que te
salvaguarde numa inesperada desdita. Mas não te atormentes com fantasias.
Muitos receios surgem da fadiga e da solidão.
Para além de uma disciplina salutar, sê gentil contigo
mesmo.
Tu és filho do universo e, tal como as árvores e as
estrelas, tens direito de o habitar. E quer isto seja ou não claro para ti, sem
dúvida que o universo é – te disto revelador.
Portanto vive em paz com Deus seja qual for a ideia
que d´Ele tiveres. E quaisquer que sejam as tuas lutas e aspirações, na ruidosa
confusão da vida, conserva-te em paz com a tua alma.
Com toda a sua falsidade, escravidão e sonhos
desfeitos o mundo é ainda maravilhoso.
Sê alegre. Luta para seres feliz.
Max Ehrmann
( Tradução livre de M.L.Peixoto) – versão portuguesa do “Desiderate”.
Max Ehrmann
( Tradução livre de M.L.Peixoto) – versão portuguesa do “Desiderate”.
sábado, 6 de setembro de 2014
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Amor...
Em todas
as esquinas
do tempo
tão discreto
e só sente
quem sabe
que existe.
Maria José Meireles
Etiquetas:
Fragmento de bondade,
Ludovico Einaudi
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
terça-feira, 2 de setembro de 2014
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
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