quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Improviso ferroviário (para uma exposição)...



Muitos comboios chegaram e partiram
no cais da minha vida
nem todos me trouxeram ou levaram
mas viajei em todos eles
como se fizessem parte de mim
já não sei o que é uma catenária
mas ainda serei capaz
pelo menos na memória
de me equilibrar sobre os carris
e adivinhar nos pés descalços
o rumor da aproximação das locomotivas
o meu rio da infância
corre entre paralelas de ferro
e desagua numa ponte
que já não existe.

Ademar

1 comentário:

  1. A vida é como o poema, um improviso.
    Apenas que o comboio sabe o destino dele e nós, no improviso, não sabemos o nosso.

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