Ele, longe e húmido no olhar, disse :
Chuva... Não há chuva como na savana! É quente, é morna, é fresca, é fria...
molha sem molhar, escorre sem parar, limpa o suar, brilha ao luar, mareja
o olhar... ao nascer do sol faz estrelar cada folha de capim, cada
copa de árvore,
cada dorso de antílope, cada espelho de rio, cada reflexo de
cacimba... e faz
rescender o perfume mais intenso, o mais agarrante, o mais
penetrante, o mais
inebriante... o da terra molhada... do sol e da sombra, do dia e
da noite, do calor
e do frio, do vapor e do pó, do cheiro do corpo do homem já sujo,
ao lado do
cheiro agreste, ácido, limpo, das fezes da palanca, do soco, da
pacaça ou do
songue... Chuva na savana, sol no coração !
Olímpio António Alegre Pinto
Fev. 2011
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