Nunca pagarei suficientemente a felicidade
daqueles instantes em que nada parecia acontecer fora de nós
eram poucas horas
muito poucas
mas só o alarme anunciava
a urgência da realidade que esperava
e então a felicidade passava a memória
entre parêntesis
e alguém recolhia-a
na borda da estrada como lixo
nunca pagarei suficientemente
esse silêncio
e a música toda que vibrava
por dentro desse silêncio
antes da separação inevitável de cada tarde
não sei se algum dia
fui mais feliz
como quando não sabia ainda dessa possibilidade.
Ademar
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