Brinco
com o acaso
que brinca
comigo.
Ganharei o jogo
ou perderei o vício
de mim?
Maria José Meireles
quinta-feira, 30 de abril de 2015
quarta-feira, 29 de abril de 2015
Apuro os sentidos... e vejo...
Mas vejo apenas o que os meus olhos querem ver.
Vejo a paz na confusão, a bondade em cada não!
Ouço, ouço apenas melodias.
Transformo gritarias, buzinas e correrias,
em suaves passos, em músicas e seus compassos!
Sinto, sinto a solidão no olhar da multidão
e transformo-a num sorriso de gratidão!
Apuro, com o olfato, o odor de um cato...
Sim, porque disso sou capaz
e tudo o resto fica para trás.
E toco um mundo novo, mudo-o.
O mal é apenas algo um pouco temível
mas, com a voz da razão,
cabe-me na palma da mão
e jamais me tocará o coração.
Assim, vou mais além,
olho-me, sinto, cheiro-me e ouço
como nunca o fez ninguém...
Ana Paula Costa
Vejo a paz na confusão, a bondade em cada não!
Ouço, ouço apenas melodias.
Transformo gritarias, buzinas e correrias,
em suaves passos, em músicas e seus compassos!
Sinto, sinto a solidão no olhar da multidão
e transformo-a num sorriso de gratidão!
Apuro, com o olfato, o odor de um cato...
Sim, porque disso sou capaz
e tudo o resto fica para trás.
E toco um mundo novo, mudo-o.
O mal é apenas algo um pouco temível
mas, com a voz da razão,
cabe-me na palma da mão
e jamais me tocará o coração.
Assim, vou mais além,
olho-me, sinto, cheiro-me e ouço
como nunca o fez ninguém...
Ana Paula Costa
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Elza Seixas
terça-feira, 28 de abril de 2015
Um nó mal feito...
segunda-feira, 27 de abril de 2015
domingo, 26 de abril de 2015
sábado, 25 de abril de 2015
Liberdade...
Já fui dona do teu tempo
num tempo feliz
agora sou apenas
dona do meu.
Maria José Meireles
sexta-feira, 24 de abril de 2015
Pensamento do dia...
Eu sei de muito pouco. Mas tenho a meu favor tudo o que não sei e – por ser um campo virgem – está livre de preconceitos. Tudo o que não sei é a minha parte maior e melhor: é minha largueza. É com ela que eu compreenderia tudo. Tudo o que eu não sei é que constitui a minha verdade.
Clarice Lispector
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Clarice Lispector,
Pensamento
Cheguei...
Cheguei antes da minha vez
quando chegou a minha vez
já tinha passado.
Maria José Meireles
quinta-feira, 23 de abril de 2015
Toda a poesia é luminosa
Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
Eugénio de Andrade,
Os Sulcos da Sede
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
Eugénio de Andrade,
Os Sulcos da Sede
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João Manuel Ribeiro
quarta-feira, 22 de abril de 2015
terça-feira, 21 de abril de 2015
Caetano Veloso - Sonhos
Tudo era apenas uma brincadeira
E foi crescendo, crescendo, me absorvendo
E de repente me vi assim
Completamente seu
Vi a minha força amarrada no seu passo
Vi que sem você não há caminho
Eu nem me acho
Vi um grande amor gritar dentro de mim
Como eu sonhei um dia
Quando o meu mundo era mais mundo
E todo mundo admitia
Uma mudança muito estranha
Mais pureza, mais carinho,
mais calma, mais alegria
No meu jeito de me dar
Quando a canção
se fez mais clara e mais sentida
Quando a poesia realmente fez folia em minha vida
Você veio me falar
Dessa paixão inesperada
Por outra pessoa
Não tem revolta, não
Só quero que você se encontre
Saudade até que é bom
Melhor que caminhar vazio
A esperança é um dom
Que eu tenho em mim
Eu tenho sim
Não tem desespero não
Você me ensinou milhões de coisas
Tenho um sonho em minhas mãos
Amanhã será um novo dia
Certamente eu vou ser mais feliz!
Caetano Veloso
segunda-feira, 20 de abril de 2015
Antropofagia...
Reuni
todos os fragmentos
da tua bondade
no corpo que agora devoro.
Maria José Meireles
todos os fragmentos
da tua bondade
no corpo que agora devoro.
Maria José Meireles
Rapariga Descalça
Chove. Uma rapariga desce a rua.
Os seus pés descalços são formosos.
São formosos e leves: o corpo alto
parte dali, e nunca se desprende.
A chuva em Abril tem o sabor do sol:
cada gota recente canta na folhagem.
O dia é um jogo inocente de luzes,
de crianças ou beijos, de fragatas.
Uma gaivota passa nos meus olhos.
E a rapariga – os seus formosos pés –
canta, corre, voa, é brisa, ao ver
o mar tão próximo e tão branco.
Eugénio de Andrade,
Até Amanhã
Os seus pés descalços são formosos.
São formosos e leves: o corpo alto
parte dali, e nunca se desprende.
A chuva em Abril tem o sabor do sol:
cada gota recente canta na folhagem.
O dia é um jogo inocente de luzes,
de crianças ou beijos, de fragatas.
Uma gaivota passa nos meus olhos.
E a rapariga – os seus formosos pés –
canta, corre, voa, é brisa, ao ver
o mar tão próximo e tão branco.
Eugénio de Andrade,
Até Amanhã
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Poema que um Aluno partilhou comigo hoje...
Das utopias
Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas!
Mário Quintana
É UMA CASA TÃO ESPAÇOSA A AUSÊNCIA
Fazia-se uma certa gala
em dizer que na guerra o medo andava às moscas
Ora aprendemos que no mato
qualquer buraco dava a medida do cu
Uma noite foi a vez
do Mata-a-rir dependurar o ouvido
na picada: fodeu-se
Daí em diante, bastava
uma costureirinha a pregar botões
Corriam às cegas, e depronto a cornadura
pelo metropolitano dentro sem ver
quem estava
Depois saíam
o fox-trote da véspera a pingar
da beiçola
E voltavam à noite:
o rei de copas denovo sentado entre os caixotes
Vergílio Alberto Vieira,
A Paixão das Armas
em dizer que na guerra o medo andava às moscas
Ora aprendemos que no mato
qualquer buraco dava a medida do cu
Uma noite foi a vez
do Mata-a-rir dependurar o ouvido
na picada: fodeu-se
Daí em diante, bastava
uma costureirinha a pregar botões
Corriam às cegas, e depronto a cornadura
pelo metropolitano dentro sem ver
quem estava
Depois saíam
o fox-trote da véspera a pingar
da beiçola
E voltavam à noite:
o rei de copas denovo sentado entre os caixotes
Vergílio Alberto Vieira,
A Paixão das Armas
Certas fontes
Certas fontes moram nas mulheres
como em nenhum outro lugar
João Manuel Ribeiro,
TRAJECTÓRIA INCONSÚTIL DO DESEJO
como em nenhum outro lugar
João Manuel Ribeiro,
TRAJECTÓRIA INCONSÚTIL DO DESEJO
domingo, 19 de abril de 2015
Mulher...
1. Ausentou-se
para descansar
2. calou-se
como nunca
3. na Esperança...
4. é Professora
5. e está em Paz.
Maria José Meireles
para descansar
2. calou-se
como nunca
3. na Esperança...
4. é Professora
5. e está em Paz.
Maria José Meireles
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Elza Seixas,
Fragmento de bondade
sábado, 18 de abril de 2015
Nenhum Ser Nos Foi Concedido
Nenhum ser nos foi concedido. Correnteza apenas
Somos, fluindo de forma em forma docilmente:
Movidos pela sede do ser atravessamos
O dia, a noite, a gruta e a catedral
Assim sem descanso as enchemos uma a uma
E nenhuma nos é o lar, a ventura, a tormenta,
Ora caminhamos sempre, ora somos sempre o visitante,
A nós não chama o campo, o arado, a nós não cresce o pão
Não sabemos o que de nós quer Deus
Que, barro em suas mãos, connosco brinca,
Barro mudo e moldável que não ri nem chora,
Barro amassado que nunca coze
Ser enfim como a pedra sólido! Durar uma vez!
Eternamente vivo é este o nosso anseio
Que medroso arrepio permanece apesar de eterno
E nunca será o repouso no caminho
Hermann Hesse, in 'O Jogo das Contas de Vidro'
sexta-feira, 17 de abril de 2015
quarta-feira, 15 de abril de 2015
terça-feira, 14 de abril de 2015
Feiticeira de palavras...
O mundo abre-se?
Não! Isso não chega
O universo é teu!
Força e beleza tua
das tuas palavras
nascem eternos versos
E, tudo serve...
sinto os poemas
tocam na minha essência
caiem-me lágrimas
censuras-me...
Sinto-me feliz
Surgem borboletas, pérolas e rendas
ofereço safiras
Porque me transfomas
No melhor que sonhei ser
Simplesmente porque te conheci...
Margarida Cândida Jorge
(Apúlia 2/7/2011)
Não! Isso não chega
O universo é teu!
Força e beleza tua
das tuas palavras
nascem eternos versos
E, tudo serve...
sinto os poemas
tocam na minha essência
caiem-me lágrimas
censuras-me...
Sinto-me feliz
Surgem borboletas, pérolas e rendas
ofereço safiras
Porque me transfomas
No melhor que sonhei ser
Simplesmente porque te conheci...
Margarida Cândida Jorge
(Apúlia 2/7/2011)
Mãe...
És grande
mas não podes estar
em todo o lado
o tempo todo.
Para não me faltares
ofereces-me
todos os teus bens
com todos os teus haveres
com todos os teus empregados
com a melhor
da tua boa vontade
e eu aceito.
Maria José Meireles
segunda-feira, 13 de abril de 2015
Briga no Beco
Encontrei meu marido às três horas da tarde
com uma loura oxidada.
Tomavam guaraná e riam, os desavergonhados.
Ataquei-os por trás com mãos e palavras
que nunca suspeitei conhecesse.
Voaram três dentes e gritei, esmurrei-os e gritei,
gritei meu urro, a torrente de impropérios.
Ajuntou gente, escureceu o sol,
a poeira adensou como cortina.
Ele me pegava nos braços, nas pernas, na cintura,
sem me reter, peixe-piranha, bicho pior, fêmea ofendida,
uivava.
Gritei, gritei, gritei, até a cratera exaurir-se.
Quando não pude mais, fiquei rígida,
as mãos na garganta dele, nós dois petrificados,
eu sem tocar o chão. Quando abri os olhos,
as mulheres abriam alas, me tocando, me pedindo graças.
Desde então faço milagres.
Adélia Prado
com uma loura oxidada.
Tomavam guaraná e riam, os desavergonhados.
Ataquei-os por trás com mãos e palavras
que nunca suspeitei conhecesse.
Voaram três dentes e gritei, esmurrei-os e gritei,
gritei meu urro, a torrente de impropérios.
Ajuntou gente, escureceu o sol,
a poeira adensou como cortina.
Ele me pegava nos braços, nas pernas, na cintura,
sem me reter, peixe-piranha, bicho pior, fêmea ofendida,
uivava.
Gritei, gritei, gritei, até a cratera exaurir-se.
Quando não pude mais, fiquei rígida,
as mãos na garganta dele, nós dois petrificados,
eu sem tocar o chão. Quando abri os olhos,
as mulheres abriam alas, me tocando, me pedindo graças.
Desde então faço milagres.
Adélia Prado
domingo, 12 de abril de 2015
Por acaso...
O desejo
a curiosidade
e a saudade
(talvez do futuro)
justificam a presença
do passageiro
que disse ter passado
por acaso.
Maria José Meireles
Fado...
Queria muito
ver o pôr-do-sol
mas não tinha tempo
de repente
faltou-me a vontade.
Maria José Meireles
ver o pôr-do-sol
mas não tinha tempo
de repente
faltou-me a vontade.
Maria José Meireles
Acordar
Um rosto,
Um olhar,
Uma impressão,
Um diálogo,
Um sentimento
E uma certeza.
Eu vi e pensei,
Eu ouvi e senti,
Eu gostei e aceitei
o teu abraço e a tua amizade.
Cristina Pureza
Um olhar,
Uma impressão,
Um diálogo,
Um sentimento
E uma certeza.
Eu vi e pensei,
Eu ouvi e senti,
Eu gostei e aceitei
o teu abraço e a tua amizade.
Cristina Pureza
sábado, 11 de abril de 2015
sexta-feira, 10 de abril de 2015
quinta-feira, 9 de abril de 2015
terça-feira, 7 de abril de 2015
sexta-feira, 3 de abril de 2015
Intervalo...
Ela não tem depressão
porque ele partiu
mas porque ainda não chegou
outro.
Ela tem depressão essencial
para criar.
Maria José Meireles
porque ele partiu
mas porque ainda não chegou
outro.
Ela tem depressão essencial
para criar.
Maria José Meireles
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Elza Seixas,
Fragmento de bondade
BOA PÁSCOA
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
Fernando Teixeira de Andrade
SAUDAÇÃO PASCAL
Páscoa é animação,
Páscoa é uma nova vida.
Páscoa é ressurreição
Duma morte infligida.
Páscoa feliz para todos,
Com amor, com alegria.
E que estes simples modos
Floresçam no dia-a-dia,
No seio familiar
Ou na roda dos amigos,
Porque é bom, é salutar,
Gerar momentos festivos.
Carmindo Ramos
Páscoa é uma nova vida.
Páscoa é ressurreição
Duma morte infligida.
Páscoa feliz para todos,
Com amor, com alegria.
E que estes simples modos
Floresçam no dia-a-dia,
No seio familiar
Ou na roda dos amigos,
Porque é bom, é salutar,
Gerar momentos festivos.
quinta-feira, 2 de abril de 2015
Luz dos afectos
Dá-me Tempo para ampliar as paredes da minha Alma,
e arranjar mais Espaço,
para guardar toda a Luz que vem dos teus Afectos.
Orquídea Abreu
quarta-feira, 1 de abril de 2015
Preparação para o parto...
Derramo agora
todas as lágrimas
para sorrir apenas
quando chegar
a hora.
Maria José Meireles
Sísifo
Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...
Miguel Torga
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