Chove. Uma rapariga desce a rua.
Os seus pés descalços são formosos.
São formosos e leves: o corpo alto
parte dali, e nunca se desprende.
A chuva em Abril tem o sabor do sol:
cada gota recente canta na folhagem.
O dia é um jogo inocente de luzes,
de crianças ou beijos, de fragatas.
Uma gaivota passa nos meus olhos.
E a rapariga – os seus formosos pés –
canta, corre, voa, é brisa, ao ver
o mar tão próximo e tão branco.
Eugénio de Andrade,
Até Amanhã
O nosso Eugénio
ResponderEliminarsempre
lindo este poema...adorei.
ResponderEliminarbeijinhos Maria José
Eugénio de Andrade é o poeta da melancolia.
ResponderEliminarJúlio Fídias