quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Crónica de um “Invento”

Crónica dos acontecimentos acontecidos nos salões da nobre Casa da Sublime Senhora Dona Margarida, em determinado sábado que foi no dia 3 de março do ano de 2018.

É esta Crónica dedicada à mui Admirável, Excelsa e Fantástica Senhora Dona Margarida, protectora de todas as Artes e Ofícios afins a elas ligados.
Protectora da prosa e da poesia,
Do teatro e do cinema,
Dos livros lidos e dos livros a ler.
[“Que raiva! Ninguém me falou deste livro! Tão giro!”]

Vieram de longe alguns
De perto vieram outros

Uns
Vieram sós
Outros
Em grupos

A pé
De burrico ou a cavalo
De caleche ou em diligências
Transportes escolhidos
Conforme as posses
Ou as conveniências.

Rios
Foram atravessados a vau
Montanhas
Subidas e descidas a custo
Praias palmilhadas
Varridas de ventos e sargaços.

Sofreram frios, chuvas, ventanias e cansaços.

Alguns
Perderam-se, desistiram, voltaram a suas casas
Outros
Perdidos, pediram ajuda, chegaram.

Foram chegando
Foram chegando e entrando
Nos vastos salões
Da nobre casa

[“Vim de longe
De muito longe
O que andei para aqui chegar
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos para nos dar”]

Todos sorriam
Se cumprimentavam
E havia conversas cruzadas.
Por fim o silêncio.

A Úsnea
Começou a rebentar
Num ramo de árvore
Cresceu e foi a floresta.
Perdidos na floresta
Os presentes, calados
Viram a humanidade formar-se,
A humanizar-se
Ao longo dos tempos.
As memórias de um
Transformaram-se
Na memória de todos
Na memória de cada um.

E o silêncio final.

[Afastei-me
Fui olhar as árvores e a chuva
Sentir o vento.
Fiquei paralisado
Ressoavam as palavras
Transformadas em sentimentos.
Aproximei-me
E olhava a multidão
Falando, em movimento
Fiquei paralisado longo tempo
Recuperei, lentamente]

Repentinamente
A mesa encheu-se
De comeres e beberes
Tantos e tantos
Que não havia espaço

[“Com o que temos para nos dar”]

A festa
Iniciada com a chegada de uns e outros
Continuada com o poema lido
Explodia agora:
Em conversas soltas,
Surgiam textos
Eram contadas aventuras
Em conversas soltas.

[“Com o que temos para nos dar”]

Nunca se viu tal unidade
Nas diferenças pessoais.

E o tempo estava parado.

Repentinamente
O tempo alargou-se,
Sem que se desse por isso,
Já eram duas e tal.

Alf. - Mar. / 2018

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