sábado, 26 de fevereiro de 2011

Dissertação sobre uma boneca insuflável…



Quando te comprei
parecias uma boneca insuflável
que cabias no meu bolso.
Fazias tudo o que eu pedisse
e nunca querias nada em troca
a não ser que eu não ultrapassasse
os limites das tuas fantasias.
Agora, arvoras um ar de senhora
e começas a exigir
que te trate por baronesa
e já não te contentas
em fazer compras avulsas nos saldos
nas lojas da fancaria
nem com as viagens low cost, pagas a crédito,
às Caraíbas, onde uma vez tropeçaste com a porteira,
que mal cabia no seu biquíni à florinhas,
e o que te irrita é teres de te cruzar com ela
nas escadas, todos os dias,
antes de ires para o trabalho que inventaste
para alimentar o delírio das tuas grandezas.
Sonhas com uma piscina aquecida
na exiguidade das nossas duas assoalhadas,
viradas para os estendais da roupa das traseiras
e pedes-me para conquistar o céu
onde não há limites para todos os teus caprichos.

Alexandre de Castro
retirado do Alpendre da Lua

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