segunda-feira, 27 de junho de 2011

Minha mãe

Minha mãe, minha mãe!
Ai que saudade imensa
do tempo em que ajoelhava,
orando ao pé de ti.

Caia mansa a noite;
e andorinhas aos pares
Cruzavam-se, voando
em torno dos seus lares,
suspensos do beiral
da casa onde eu nasci.

Era a hora em que já sobre o feno das eiras
dormia quieto e manso o impávido lebreu.
Vinham-nos da montanha as canções das ceifeiras,
e a lua branca, além, por entre as oliveiras,
como a alma dum justo, ia em triunfo ao Céu.

E, mãos postas, ao pé do altar do teu regaço
vendo a lua subir, muda, alumiando o espaço
eu balbuciava minha infantil oração,
pedindo ao Deus que está no azul do firmamento
que mandasse um alívio a cada sofrimento,
que mandasse uma estrela a cada escuridão.

Guerra Junqueiro

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