quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
Um desejo de Natal que desejo todos os dias…
Não um Natal qualquer, mas um Natal de todos os dias!
Quero que a chuva ou o vento que me roubam o sol da manhã e me batem na vidraça,
Levem para bem longe os cheiros e sabores incertos que ofuscam os aromas desta quadra!
Levem para bem longe os cheiros e sabores incertos que ofuscam os aromas desta quadra!
Quero poder pousar a alma de mansinho
E ter esperança num pequeno raio de sol
Que se solta e amavelmente me aquece.
Quero poder abraçar cada segundo dessa luz
E dissipá-la pelos quatro cantos do mundo,
Por mim, por ti e por todos!
E ter esperança num pequeno raio de sol
Que se solta e amavelmente me aquece.
Quero poder abraçar cada segundo dessa luz
E dissipá-la pelos quatro cantos do mundo,
Por mim, por ti e por todos!
Para que possamos ter a força do mar
E com ondas do bem derrubar o mal.
Porque Natal é ter música no coração!
É ter amor! É ter paz!
É viver e ajudar a viver!
Todos os dias!
E com ondas do bem derrubar o mal.
Porque Natal é ter música no coração!
É ter amor! É ter paz!
É viver e ajudar a viver!
Todos os dias!
Quero um Natal!
Não um Natal qualquer, mas um Natal para todos os dias!
Não um Natal qualquer, mas um Natal para todos os dias!
Cristina Martins
sábado, 19 de dezembro de 2015
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
Improviso para futurar...
Nasci hoje outra vez
e já não caibo no berço
apenas sei gritar ainda
para que todos me ouçam
quando as luzes se apagam
e já nem a lua me aconchega
no altar da eternidade
nenhum espelho
conta as viagens que ainda farei
nenhuma memória
hoje dou-me lírios apenas
e rosas também
apenas para que saibas
que já não caibo no berço
onde me adormeces.
Ademar
e já não caibo no berço
apenas sei gritar ainda
para que todos me ouçam
quando as luzes se apagam
e já nem a lua me aconchega
no altar da eternidade
nenhum espelho
conta as viagens que ainda farei
nenhuma memória
hoje dou-me lírios apenas
e rosas também
apenas para que saibas
que já não caibo no berço
onde me adormeces.
Ademar
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
Pequeno Poema
Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu
nem houve estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
para que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha mãe.
ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu
nem houve estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
para que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha mãe.
Sebastião da Gama, in 'Antologia Poética'
domingo, 6 de dezembro de 2015
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
Improviso sobre uma tela desta noite…
As distâncias
enganam o olhar
e o pensamento
só as mãos tocam
a evidência de todas as coisas
que fingem existir.
Ademar
DEFINIÇÃO DO AMOR
É um nada Amor que pode tudo,
É um não se entender o avisado,
É um querer ser livre e estar atado,
É um julgar o parvo por sisudo;
É um parar os golpes sem escudo,
É um cuidar que é e estar trocado,
É um viver alegre e enfadado,
É não poder falar e não ser mudo;
É um engano claro e mui escuro,
É um não enxergar e estar vendo,
É um julgar por brando ao mais duro;
É um não querer dizer e estar dizendo,
É um no mor perigo estar seguro,
É, por fim, um não sei quê, que não entendo.
Anónimo
É um não se entender o avisado,
É um querer ser livre e estar atado,
É um julgar o parvo por sisudo;
É um parar os golpes sem escudo,
É um cuidar que é e estar trocado,
É um viver alegre e enfadado,
É não poder falar e não ser mudo;
É um engano claro e mui escuro,
É um não enxergar e estar vendo,
É um julgar por brando ao mais duro;
É um não querer dizer e estar dizendo,
É um no mor perigo estar seguro,
É, por fim, um não sei quê, que não entendo.
Anónimo
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Poema que um Aluno partilhou comigo hoje...
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
Visão surrealista de Magrit
Zé Luís
Hoje ao ler a tua recolha de textos do Pessoa fizeste-me sentir tal como na música, esse magnânimo e delicioso deleite do sétimo céu da linguagem universal, que eleva o coração, jubila os cadinhos da emoção e da inteligência em favor da Humanidade.
Sabemos que a prosa poética só a beija quem por ela deseja ser beijado e hoje tudo isso me pareceu. OBRIGADO.
Como bem sabes a Arte exige uma liturgia, um ritual, que se prende com a fonte da dádiva e a aproximação ao seu semelhante.
A Arte da linguagem escrita atravessa o patamar mais sensível do nosso pensar tal como a pomba de Picasso na Guernica, torna-se visível em traços contínuos e descontínuos, denuncia, faz apelo, grita, e mostra a dor de milhões e o prazer de outros.
Foi muito interessante associares os problemas que o nosso Planeta está a passar sobre o excesso da temperatura e as consequências para o futuro dos nossos filhos e netos e a poesia de Pessoa na figura de Álvaro Campos.
Bem Hajas
Dez/2015
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
domingo, 29 de novembro de 2015
terça-feira, 24 de novembro de 2015
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
domingo, 22 de novembro de 2015
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Conta-mo outra vez
Conta-mo outra vez: é tão bonito
que não me canso nunca de escutá-lo.
Repete-me outra vez que o casal
do conto foi feliz até à morte,
que ela não lhe foi infiel, que a ele nem sequer
lhe ocorreu enganá-la. E não te esqueças
de que, apesar do tempo e dos problemas,
continuavam beijando-se cada noite.
Conta-mo mil vezes, por favor:
é a história mais bela que conheço.
Amalia Bautista
que não me canso nunca de escutá-lo.
Repete-me outra vez que o casal
do conto foi feliz até à morte,
que ela não lhe foi infiel, que a ele nem sequer
lhe ocorreu enganá-la. E não te esqueças
de que, apesar do tempo e dos problemas,
continuavam beijando-se cada noite.
Conta-mo mil vezes, por favor:
é a história mais bela que conheço.
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
domingo, 15 de novembro de 2015
Penso em ti Paris!
Passo as mãos pelas águas do Sena, têm sangue, sangue inocente.
Vidas perdidas no delírio da guerra.
Perco-me na cidade ao encontro das lágrimas, choro de orfãos a cada esquina, pais, viúvas, viúvos.
Ruas desertas, jardins abandonados, portas fechadas e um vento Frio à solta.
Gela-me a Alma!
A Catedral rendeu-se fechou as portas à Fé, aos crentes.
E o Medo. É o Medo, que conduz a Vida...
E porque tudo é um risco... e tu uma cidade rendida.
Na linha ténue do horizonte uma bandeira branca hasteada que grita, grita:
Paris! Paris!
Caminho sozinha, melancólica pela ponte do romance.
Onde reside o Amor?
Talvez perdido nas águas de um rio onde navega o temor...
Não há Sol!
Não há Luz!
Não há Nada!
Tudo parou na escuridão do Silêncio e da Morte.
Caminho lado a lado com as tuas dores, tão tuas, tão minhas...
Perdida fiquei em ruas vazias...
E nas tuas pontes - a fuga ao Desespero...
Tarefa árdua a construção desta memória que não se apaga,
nem se verga ao sofrimento, no ódio que se propaga.
Sei que sobreviverás à violência, à agressão e serás Luz!
Renascerás!
Viverás!
Adaptada a um novo Tempo,
e no espelho das tuas águas - Flores,
para atenuar as tuas Dores...
E que seja a Palavra o arauto da Paz e do Amor!
Sempre!
À tua Glória - ao teu Lema:
Liberdade, Fraternidade, Igualdade.
Eterna na arte de um ideal proclamado,
e tanto o sangue derramado,
que jamais será esquecido...
AINDA HÁ MÚSICA NO AR, OS VIOLINOS NÃO FORAM VENCIDOS!
Orquídea Abreu
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
domingo, 1 de novembro de 2015
domingo, 25 de outubro de 2015
Pensamento do dia...
Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.
sábado, 24 de outubro de 2015
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
sábado, 10 de outubro de 2015
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
Encerrando Ciclos
Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação?
Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país?
A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.
Gloria Hurtado
Gloria Hurtado
terça-feira, 29 de setembro de 2015
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
sábado, 26 de setembro de 2015
sábado, 12 de setembro de 2015
terça-feira, 8 de setembro de 2015
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
domingo, 23 de agosto de 2015
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
terça-feira, 18 de agosto de 2015
Foi nessa idade que a poesia me veio buscar
Não sei de onde veio
Do inverno, de um rio
Não sei como nem quando
Não ,não eram vozes
Não eram palavras
Nem silêncio
Mas, da rua fui convocado
Dos galhos da noite
Abruptamente entre outros
Entre fogos violentos
Voltando sozinho
Lá estava eu sem rosto
E fui tocado
Pablo Neruda
Não sei de onde veio
Do inverno, de um rio
Não sei como nem quando
Não ,não eram vozes
Não eram palavras
Nem silêncio
Mas, da rua fui convocado
Dos galhos da noite
Abruptamente entre outros
Entre fogos violentos
Voltando sozinho
Lá estava eu sem rosto
E fui tocado
Pablo Neruda
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
Uma Após Uma
Uma após uma as ondas apressadas
Enrolam o seu verde movimento
E chiam a alva 'spuma
No moreno das praias.
Uma após uma as nuvens vagarosas
Rasgam o seu redondo movimento
E o sol aquece o 'spaço
Do ar entre as nuvens 'scassas.
Indiferente a mim e eu a ela,
A natureza deste dia calmo
Furta pouco ao meu senso
De se esvair o tempo.
Só uma vaga pena inconsequente
Pára um momento à porta da minha alma
E após fitar-me um pouco
Passa, a sorrir de nada.
Ricardo Reis, in "Odes"
Enrolam o seu verde movimento
E chiam a alva 'spuma
No moreno das praias.
Uma após uma as nuvens vagarosas
Rasgam o seu redondo movimento
E o sol aquece o 'spaço
Do ar entre as nuvens 'scassas.
Indiferente a mim e eu a ela,
A natureza deste dia calmo
Furta pouco ao meu senso
De se esvair o tempo.
Só uma vaga pena inconsequente
Pára um momento à porta da minha alma
E após fitar-me um pouco
Passa, a sorrir de nada.
Ricardo Reis, in "Odes"
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
domingo, 2 de agosto de 2015
Horas...
Deixei o relógio
para trás
agora
contemplo tudo
o que faço
o que sou
e sei que há horas
felizes.
Maria José Meireles
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sábado, 1 de agosto de 2015
terça-feira, 14 de julho de 2015
domingo, 12 de julho de 2015
quarta-feira, 8 de julho de 2015
Tenho tudo...
1. O amanhecer
2. a água
a correr
3. as estrelas
a brilhar
4. a brisa
a refrescar
5. o piano
a tocar
6. o pôr- do-sol
7. a poesia...
8. e a vontade
de Viver.
Maria José Meireles
2. a água
a correr
3. as estrelas
a brilhar
4. a brisa
a refrescar
5. o piano
a tocar
6. o pôr- do-sol
7. a poesia...
8. e a vontade
de Viver.
Maria José Meireles
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segunda-feira, 6 de julho de 2015
domingo, 5 de julho de 2015
quinta-feira, 2 de julho de 2015
quarta-feira, 1 de julho de 2015
terça-feira, 30 de junho de 2015
domingo, 28 de junho de 2015
sexta-feira, 26 de junho de 2015
Pensamento do dia...
Ele é gente, quer eu goste ou não dele. Ele tem o direito de ser gente, de ser respeitado e de ser feliz.
Paulo Meireles
quarta-feira, 24 de junho de 2015
sábado, 20 de junho de 2015
sexta-feira, 19 de junho de 2015
Renovada...
Há arautos da desgraça
que se dizem visionários
mas hoje eu pinto a morte
com as pétalas de oito rosas
vermelhas.
Maria José Meireles
sábado, 13 de junho de 2015
Pensamento do dia...
O abismo pode ser um lugar onde a certeza absoluta se instalou...
Cândida Cabeço
Cândida Cabeço
quinta-feira, 11 de junho de 2015
Improviso para ressuscitar…
Não basta que acendas um fósforo
na escuridão
para que te tornes visível
tens de te deixar possuir
pela luz
ou arder no pavio
de um pensamento que te ilumine.
Ademar
na escuridão
para que te tornes visível
tens de te deixar possuir
pela luz
ou arder no pavio
de um pensamento que te ilumine.
Ademar
quarta-feira, 10 de junho de 2015
domingo, 7 de junho de 2015
quarta-feira, 3 de junho de 2015
Quarenta anos a namorar
Minha linda namorada
Dos anos que já lá vão
Foste sempre a minha amada
A dona do meu coração
Minha linda namorada
Teus dotes que belos são
Só quero de ti minha amada
A ternura do teu coração
Há trinta e cinco anos era assim
E assim continuará a ser
Quero que sejas para mim
O bálsamo do meu sofrer
Contigo aprendi a amar
E também aprendi a sofrer
Hei-de sempre recordar
O nosso amor até morrer
Nesse tempo tudo te dava
Vê lá o que me lembrou
Do muito que então sobrava
Agora nada te dou
Agora nada te dou
Sei bem que não te ofendes
Eu sou aquele que te amou
Tu bem me compreendes
No dia dos namorados
Com amor esta rosa te dou
Que lindos sonhos dourados
O teu namorado contigo sonhou
Ainda somos namorados
Acho bem que assim seja
Na verdade somos casados
Pelo civil e pela igreja.
Alcino Augusto de Seixas
14/02/1998
Dos anos que já lá vão
Foste sempre a minha amada
A dona do meu coração
Minha linda namorada
Teus dotes que belos são
Só quero de ti minha amada
A ternura do teu coração
Há trinta e cinco anos era assim
E assim continuará a ser
Quero que sejas para mim
O bálsamo do meu sofrer
Contigo aprendi a amar
E também aprendi a sofrer
Hei-de sempre recordar
O nosso amor até morrer
Nesse tempo tudo te dava
Vê lá o que me lembrou
Do muito que então sobrava
Agora nada te dou
Agora nada te dou
Sei bem que não te ofendes
Eu sou aquele que te amou
Tu bem me compreendes
No dia dos namorados
Com amor esta rosa te dou
Que lindos sonhos dourados
O teu namorado contigo sonhou
Ainda somos namorados
Acho bem que assim seja
Na verdade somos casados
Pelo civil e pela igreja.
Alcino Augusto de Seixas
14/02/1998
terça-feira, 2 de junho de 2015
Jesus Cristo...
Agora sem norte
sou apenas poente
mas ainda te aguardo
com os pés unidos
e ainda te acolho
com os braços abertos.
Maria José Meireles
sou apenas poente
mas ainda te aguardo
com os pés unidos
e ainda te acolho
com os braços abertos.
Maria José Meireles
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sábado, 30 de maio de 2015
sexta-feira, 22 de maio de 2015
quinta-feira, 21 de maio de 2015
domingo, 17 de maio de 2015
sábado, 16 de maio de 2015
A TAÇA
A minha taça ergo; em louvor
daquela em quem é tudo belo,
e para todas as mulheres
serve, parece, de modelo;
pois dos melhores elementos
e das estrelas recebeu
forma tão linda que é, como o ar,
menos da terra do céu.
Tudo o que diz é musical,
como, na aurora, a voz das aves.
E no que fala há algo mais
que as melodias mais suaves
algo que é a voz do coração
e de seus lábios sempre cai,
tal como a abelha, carregada
de doce mel, das rosas saí.
São seus afetos pensamentos
marcando as horas que se vão;
Seus sentimentos têm fragrância
maciez de flores em botão
e ela parece tanto a empolgam
paixões e amores, tão mudados
ser, vez a vez, imagem deles
ídolos de anos já passados.
Da linda face, um breve olhar
grava na mente uma impressão;
e o eco eterno de sua voz
nunca sairá do coração;
mas a lembrança como em mim
dela ficou é tão querida
que, ao ver a morte, a última queixa
é por perdê-la e não à vida
A minha taça ergo, em louvor
daquela em quem é tudo belo
e para todas as mulheres
serve, parece, de modelo.
A ela, um brinde. E se na terra
Outras houvessem a ela iguais,
seria a vida só poesia
e o tédio um nome e nada mais.
A minha taça ergo; em louvor
daquela em quem é tudo belo,
e para todas as mulheres
serve, parece, de modelo;
pois dos melhores elementos
e das estrelas recebeu
forma tão linda que é, como o ar,
menos da terra do céu.
Tudo o que diz é musical,
como, na aurora, a voz das aves.
E no que fala há algo mais
que as melodias mais suaves
algo que é a voz do coração
e de seus lábios sempre cai,
tal como a abelha, carregada
de doce mel, das rosas saí.
São seus afetos pensamentos
marcando as horas que se vão;
Seus sentimentos têm fragrância
maciez de flores em botão
e ela parece tanto a empolgam
paixões e amores, tão mudados
ser, vez a vez, imagem deles
ídolos de anos já passados.
Da linda face, um breve olhar
grava na mente uma impressão;
e o eco eterno de sua voz
nunca sairá do coração;
mas a lembrança como em mim
dela ficou é tão querida
que, ao ver a morte, a última queixa
é por perdê-la e não à vida
A minha taça ergo, em louvor
daquela em quem é tudo belo
e para todas as mulheres
serve, parece, de modelo.
A ela, um brinde. E se na terra
Outras houvessem a ela iguais,
seria a vida só poesia
e o tédio um nome e nada mais.
Edward Coate Pinckney
Dane-se...
Dizes
que a queixa
resulta
quase sempre
em dano
para o queixoso
e eu digo:
não há maior dano
do que uma desilusão.
Maria José Meireles
que a queixa
resulta
quase sempre
em dano
para o queixoso
e eu digo:
não há maior dano
do que uma desilusão.
Maria José Meireles
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quarta-feira, 13 de maio de 2015
domingo, 10 de maio de 2015
Descalça vai para a fonte...
Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura:
Vai formosa e não segura.
Se tivesse umas chinelas
iria melhor...mas não:
co dinheiro das chinelas
compra um pouco mais de pão.
Virá o dia em que os pés
não sintam a terra dura?
Leonor sonha de mais:
vai formosa e não segura.
Formosa! Não vale a pena
ter nos olhos uma aurora
quando na vida - que vida!
o sol já se foi embora.
Se os filhos se alimentassem
com a sua formosura...
Leonor pensa de mais
vai formosa e não segura.
Há verduras pelos prados,
há verduras no caminho;
no olmo ao pé da fonte
canta livre um passarinho,
Mas ela não canta, não,
que a voz perdeu a doçura.
Leonor sofre demais:
vai formosa e não segura.
Porque sofre? Nunca soube
nem saberá a razão.
Vai encher a talha de água,
Só não enche o coração.
Virá um dia...virá...
Os olhos voam na altura
Leonor não anda: sonha.
Vai formosa e não segura.
Antonio Cabral, Poemas Durienses
Leonor pela verdura:
Vai formosa e não segura.
Se tivesse umas chinelas
iria melhor...mas não:
co dinheiro das chinelas
compra um pouco mais de pão.
Virá o dia em que os pés
não sintam a terra dura?
Leonor sonha de mais:
vai formosa e não segura.
Formosa! Não vale a pena
ter nos olhos uma aurora
quando na vida - que vida!
o sol já se foi embora.
Se os filhos se alimentassem
com a sua formosura...
Leonor pensa de mais
vai formosa e não segura.
Há verduras pelos prados,
há verduras no caminho;
no olmo ao pé da fonte
canta livre um passarinho,
Mas ela não canta, não,
que a voz perdeu a doçura.
Leonor sofre demais:
vai formosa e não segura.
Porque sofre? Nunca soube
nem saberá a razão.
Vai encher a talha de água,
Só não enche o coração.
Virá um dia...virá...
Os olhos voam na altura
Leonor não anda: sonha.
Vai formosa e não segura.
Antonio Cabral, Poemas Durienses
sábado, 9 de maio de 2015
COIMBRA
Coimbra, terra dos prezados Doutores.
Coimbra, terra de fados e cantigas.
Coimbra, terra d'excelentes cantores.
Coimbra, terra de bonitos monumentos.
Coimbra, tesouro d'arte e tradições.
Coimbra, bem preservada e encantadora.
Coimbra, devora nossos corações...
Coimbra banhada pelo rio Mondego.
Coimbra, repleta de miradouros.
Coimbra, bela, formosa e bonita.
Coimbra és e guardas lindos tesouros.
Coimbra, conserva estas tuas ruas.
Coimbra, sempre fiel à tua história.
Coimbra, presente, passado, futuro...
Coimbra, preserva toda a tua glória!
Coimbra, parabéns pelo teu turismo!
Coimbra, atrais gentes de todas as idades!
Coimbra, manténs os teus belos espaços!
Coimbra, orgulho das nossas cidades!...
Salvador de Sousa, professor
terça-feira, 5 de maio de 2015
Pensamento do dia...
A pior coisa que se pode dizer a uma pessoa é que ela tem de mudar.
David Meireles
segunda-feira, 4 de maio de 2015
domingo, 3 de maio de 2015
DIA DA MÃE
I
E são três letras apenas,
Mas que definem tão bem
Quão suaves e amenas
São as deste nome, MÃE.
II
MÃE, é suprema riqueza
De quem a teve ou tem;
MÃE é amparo, é certeza,
De um ser que nos quer bem.
III
MÃE, é carinho, é beleza,
É afago, é ternura;
MÃE é pura singeleza,
Com envolvente candura.
IV
Mas também é valentia
Quando enfrenta a dor,
Ao dar-nos à luz um dia
Sem pôr em causa o amor,
V
Que a seus filhos dedica
Nas horas boas e más,
O que a torna mais rica,
Por todo o bem que lhes faz.
VI
Louve-se pois este dia,
Criado sim, por alguém,
Com expressões d'alegria
Por ser o dia da MÃE.
VII
Por fim, e neste meu jeito,
Ouso sugerir também!
Honra e muito respeito
Pelo amor da nossa MÃE.
F I M
Braga, 3 de maio de 2015
Carmindo Pereira Ramos
sábado, 2 de maio de 2015
O meu céu...
Carregas de negro
o meu céu
quando choras
se estás triste
tudo fica cinzento
porque a tua alegria
é o meu céu
limpo.
Maria José Meireles
o meu céu
quando choras
se estás triste
tudo fica cinzento
porque a tua alegria
é o meu céu
limpo.
Maria José Meireles
Filme...
quinta-feira, 30 de abril de 2015
Como me acaso...
Brinco
com o acaso
que brinca
comigo.
Ganharei o jogo
ou perderei o vício
de mim?
Maria José Meireles
com o acaso
que brinca
comigo.
Ganharei o jogo
ou perderei o vício
de mim?
Maria José Meireles
Improviso para quem escolhe morrer...
Quando nenhuma esperança mais
nos consentirmos da vida
com que autoridade
nos compelirão ainda à esperança
aqueles que nunca viveram por nós?
Ademar
nos consentirmos da vida
com que autoridade
nos compelirão ainda à esperança
aqueles que nunca viveram por nós?
Ademar
quarta-feira, 29 de abril de 2015
Apuro os sentidos... e vejo...
Mas vejo apenas o que os meus olhos querem ver.
Vejo a paz na confusão, a bondade em cada não!
Ouço, ouço apenas melodias.
Transformo gritarias, buzinas e correrias,
em suaves passos, em músicas e seus compassos!
Sinto, sinto a solidão no olhar da multidão
e transformo-a num sorriso de gratidão!
Apuro, com o olfato, o odor de um cato...
Sim, porque disso sou capaz
e tudo o resto fica para trás.
E toco um mundo novo, mudo-o.
O mal é apenas algo um pouco temível
mas, com a voz da razão,
cabe-me na palma da mão
e jamais me tocará o coração.
Assim, vou mais além,
olho-me, sinto, cheiro-me e ouço
como nunca o fez ninguém...
Ana Paula Costa
Vejo a paz na confusão, a bondade em cada não!
Ouço, ouço apenas melodias.
Transformo gritarias, buzinas e correrias,
em suaves passos, em músicas e seus compassos!
Sinto, sinto a solidão no olhar da multidão
e transformo-a num sorriso de gratidão!
Apuro, com o olfato, o odor de um cato...
Sim, porque disso sou capaz
e tudo o resto fica para trás.
E toco um mundo novo, mudo-o.
O mal é apenas algo um pouco temível
mas, com a voz da razão,
cabe-me na palma da mão
e jamais me tocará o coração.
Assim, vou mais além,
olho-me, sinto, cheiro-me e ouço
como nunca o fez ninguém...
Ana Paula Costa
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Elza Seixas
terça-feira, 28 de abril de 2015
Um nó mal feito...
segunda-feira, 27 de abril de 2015
Improviso a quatro mãos...
Quando morreres
eu chorarei
e será suficiente
quando chorares
eu morrerei
e será suficiente.
Ademar
domingo, 26 de abril de 2015
sábado, 25 de abril de 2015
Fui o mais submisso e persistente dos teus amantes
e o mais patético
Nenhum obstáculo me distraiu da lenta e dolorosa peregrinação
Quanto mais hermética e longínqua te oferecias
mais eu ousava o envolvimento
mais cúmplice ainda te aparecia
Uma a uma as tuas resistências foram desaprendendo
o sentido da proporcionalidade
Era inútil fugires-me
Sentiste que eu haveria de perseguir-te até ao infinito
e que nada nem ninguém perturbaria a minha vontade
de te consagrar como a última e a mais esplendorosa das
mulheres que amei
Começaste então a abrir as portas e as janelas da tua reserva
e consentiste que lentamente eu me fosse aproximando
Eis-me agora aqui diante dos teus muros antes impenetráveis
cansado talvez da longa e penosa viagem empreendida
mas sempre leve e ágil aos teus olhos
O amor não me pesa na alma nem no corpo
É a única certeza de mim que poderei oferecer-te
Ademar
publicado em "Descansando do Futuro (Reserva de Intimidade)", Asa, 2003
Liberdade...
Já fui dona do teu tempo
num tempo feliz
agora sou apenas
dona do meu.
Maria José Meireles
sexta-feira, 24 de abril de 2015
Pensamento do dia...
Eu sei de muito pouco. Mas tenho a meu favor tudo o que não sei e – por ser um campo virgem – está livre de preconceitos. Tudo o que não sei é a minha parte maior e melhor: é minha largueza. É com ela que eu compreenderia tudo. Tudo o que eu não sei é que constitui a minha verdade.
Clarice Lispector
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Clarice Lispector,
Pensamento
Cheguei...
Cheguei antes da minha vez
quando chegou a minha vez
já tinha passado.
Maria José Meireles
quinta-feira, 23 de abril de 2015
Toda a poesia é luminosa
Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
Eugénio de Andrade,
Os Sulcos da Sede
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
Eugénio de Andrade,
Os Sulcos da Sede
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Eugénio de Andrade,
João Manuel Ribeiro
quarta-feira, 22 de abril de 2015
terça-feira, 21 de abril de 2015
Caetano Veloso - Sonhos
Tudo era apenas uma brincadeira
E foi crescendo, crescendo, me absorvendo
E de repente me vi assim
Completamente seu
Vi a minha força amarrada no seu passo
Vi que sem você não há caminho
Eu nem me acho
Vi um grande amor gritar dentro de mim
Como eu sonhei um dia
Quando o meu mundo era mais mundo
E todo mundo admitia
Uma mudança muito estranha
Mais pureza, mais carinho,
mais calma, mais alegria
No meu jeito de me dar
Quando a canção
se fez mais clara e mais sentida
Quando a poesia realmente fez folia em minha vida
Você veio me falar
Dessa paixão inesperada
Por outra pessoa
Não tem revolta, não
Só quero que você se encontre
Saudade até que é bom
Melhor que caminhar vazio
A esperança é um dom
Que eu tenho em mim
Eu tenho sim
Não tem desespero não
Você me ensinou milhões de coisas
Tenho um sonho em minhas mãos
Amanhã será um novo dia
Certamente eu vou ser mais feliz!
Caetano Veloso
Memórias da Escola da Ponte (1)...
Simpaticamente, na hora da despedida, alguns colegas disseram-me: "vamos sentir muito a tua falta". Sorri, agradeci o carinho, mas repliquei (pelo menos, em pensamento): "só sentimos a falta de quem não está quando, interiormente (e com os outros), nos sentimos incompletos e incapazes".
Uma escola não pode depender de ninguém (por mais sábio que se considere ou seja considerado). Neste aspecto, concordo absolutamente com a Ministra da Educação: as lideranças carismáticas transportam consigo o gérmen da autodestruição. Os pais omnipotentes e omnipresentes asfixiam os filhos, infantilizando-os. Eu acredito nos filhos. E sei que, no medo e na subserviência da autoridade paternal ou magistral, ninguém chega a crescer.
Os filhos reclamam sempre a deserção (aconchegadora) dos pais...
Uma escola não pode depender de ninguém (por mais sábio que se considere ou seja considerado). Neste aspecto, concordo absolutamente com a Ministra da Educação: as lideranças carismáticas transportam consigo o gérmen da autodestruição. Os pais omnipotentes e omnipresentes asfixiam os filhos, infantilizando-os. Eu acredito nos filhos. E sei que, no medo e na subserviência da autoridade paternal ou magistral, ninguém chega a crescer.
Os filhos reclamam sempre a deserção (aconchegadora) dos pais...
Ademar
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Ademar Santos,
Escola da Ponte
segunda-feira, 20 de abril de 2015
Improviso para enganar o índice…
As tuas saudades
doem-me
porque não tenho corpo
para elas
só fitas a marcar
as páginas em que me leste
e nenhuma era
o livro inteiro.
Ademar
doem-me
porque não tenho corpo
para elas
só fitas a marcar
as páginas em que me leste
e nenhuma era
o livro inteiro.
Ademar
Antropofagia...
Reuni
todos os fragmentos
da tua bondade
no corpo que agora devoro.
Maria José Meireles
todos os fragmentos
da tua bondade
no corpo que agora devoro.
Maria José Meireles
Rapariga Descalça
Chove. Uma rapariga desce a rua.
Os seus pés descalços são formosos.
São formosos e leves: o corpo alto
parte dali, e nunca se desprende.
A chuva em Abril tem o sabor do sol:
cada gota recente canta na folhagem.
O dia é um jogo inocente de luzes,
de crianças ou beijos, de fragatas.
Uma gaivota passa nos meus olhos.
E a rapariga – os seus formosos pés –
canta, corre, voa, é brisa, ao ver
o mar tão próximo e tão branco.
Eugénio de Andrade,
Até Amanhã
Os seus pés descalços são formosos.
São formosos e leves: o corpo alto
parte dali, e nunca se desprende.
A chuva em Abril tem o sabor do sol:
cada gota recente canta na folhagem.
O dia é um jogo inocente de luzes,
de crianças ou beijos, de fragatas.
Uma gaivota passa nos meus olhos.
E a rapariga – os seus formosos pés –
canta, corre, voa, é brisa, ao ver
o mar tão próximo e tão branco.
Eugénio de Andrade,
Até Amanhã
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Poema que um Aluno partilhou comigo hoje...
Improviso para dizer a última certeza dos amantes...
Serenissimamente
todos os gestos
que não interrogam
nem afrontam
a sabedoria toma sempre o lugar
do silêncio
ou das palavras tranquilas
já não estamos em guerra
nem à procura de uma casa
em que ainda coubéssemos
ou um livro
a verdade aliás
é que deixámos a literatura para trás
como um deserto
e já não tropeçamos nas personagens
que nos serviam de espelho
agora
temos sempre tudo
exactamente
porque nunca esperamos
mais do que nada.
Ademar
todos os gestos
que não interrogam
nem afrontam
a sabedoria toma sempre o lugar
do silêncio
ou das palavras tranquilas
já não estamos em guerra
nem à procura de uma casa
em que ainda coubéssemos
ou um livro
a verdade aliás
é que deixámos a literatura para trás
como um deserto
e já não tropeçamos nas personagens
que nos serviam de espelho
agora
temos sempre tudo
exactamente
porque nunca esperamos
mais do que nada.
Ademar
Das utopias
Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas!
Mário Quintana
É UMA CASA TÃO ESPAÇOSA A AUSÊNCIA
Fazia-se uma certa gala
em dizer que na guerra o medo andava às moscas
Ora aprendemos que no mato
qualquer buraco dava a medida do cu
Uma noite foi a vez
do Mata-a-rir dependurar o ouvido
na picada: fodeu-se
Daí em diante, bastava
uma costureirinha a pregar botões
Corriam às cegas, e depronto a cornadura
pelo metropolitano dentro sem ver
quem estava
Depois saíam
o fox-trote da véspera a pingar
da beiçola
E voltavam à noite:
o rei de copas denovo sentado entre os caixotes
Vergílio Alberto Vieira,
A Paixão das Armas
em dizer que na guerra o medo andava às moscas
Ora aprendemos que no mato
qualquer buraco dava a medida do cu
Uma noite foi a vez
do Mata-a-rir dependurar o ouvido
na picada: fodeu-se
Daí em diante, bastava
uma costureirinha a pregar botões
Corriam às cegas, e depronto a cornadura
pelo metropolitano dentro sem ver
quem estava
Depois saíam
o fox-trote da véspera a pingar
da beiçola
E voltavam à noite:
o rei de copas denovo sentado entre os caixotes
Vergílio Alberto Vieira,
A Paixão das Armas
Certas fontes
Certas fontes moram nas mulheres
como em nenhum outro lugar
João Manuel Ribeiro,
TRAJECTÓRIA INCONSÚTIL DO DESEJO
como em nenhum outro lugar
João Manuel Ribeiro,
TRAJECTÓRIA INCONSÚTIL DO DESEJO
domingo, 19 de abril de 2015
Mulher...
1. Ausentou-se
para descansar
2. calou-se
como nunca
3. na Esperança...
4. é Professora
5. e está em Paz.
Maria José Meireles
para descansar
2. calou-se
como nunca
3. na Esperança...
4. é Professora
5. e está em Paz.
Maria José Meireles
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Elza Seixas,
Fragmento de bondade
sábado, 18 de abril de 2015
Nenhum Ser Nos Foi Concedido
Nenhum ser nos foi concedido. Correnteza apenas
Somos, fluindo de forma em forma docilmente:
Movidos pela sede do ser atravessamos
O dia, a noite, a gruta e a catedral
Assim sem descanso as enchemos uma a uma
E nenhuma nos é o lar, a ventura, a tormenta,
Ora caminhamos sempre, ora somos sempre o visitante,
A nós não chama o campo, o arado, a nós não cresce o pão
Não sabemos o que de nós quer Deus
Que, barro em suas mãos, connosco brinca,
Barro mudo e moldável que não ri nem chora,
Barro amassado que nunca coze
Ser enfim como a pedra sólido! Durar uma vez!
Eternamente vivo é este o nosso anseio
Que medroso arrepio permanece apesar de eterno
E nunca será o repouso no caminho
Hermann Hesse, in 'O Jogo das Contas de Vidro'
sexta-feira, 17 de abril de 2015
quarta-feira, 15 de abril de 2015
terça-feira, 14 de abril de 2015
Improviso para iniciação…
Não sei se fotografaste
ou se pintaste
tantos troncos e ramos entrelaçados
e os frutos suspensos da nudez
do nenhum olhar
no princípio da humanidade
não foi o verbo
mas esta orgia de formas.
Ademar
Feiticeira de palavras...
O mundo abre-se?
Não! Isso não chega
O universo é teu!
Força e beleza tua
das tuas palavras
nascem eternos versos
E, tudo serve...
sinto os poemas
tocam na minha essência
caiem-me lágrimas
censuras-me...
Sinto-me feliz
Surgem borboletas, pérolas e rendas
ofereço safiras
Porque me transfomas
No melhor que sonhei ser
Simplesmente porque te conheci...
Margarida Cândida Jorge
(Apúlia 2/7/2011)
Não! Isso não chega
O universo é teu!
Força e beleza tua
das tuas palavras
nascem eternos versos
E, tudo serve...
sinto os poemas
tocam na minha essência
caiem-me lágrimas
censuras-me...
Sinto-me feliz
Surgem borboletas, pérolas e rendas
ofereço safiras
Porque me transfomas
No melhor que sonhei ser
Simplesmente porque te conheci...
Margarida Cândida Jorge
(Apúlia 2/7/2011)
Mãe...
És grande
mas não podes estar
em todo o lado
o tempo todo.
Para não me faltares
ofereces-me
todos os teus bens
com todos os teus haveres
com todos os teus empregados
com a melhor
da tua boa vontade
e eu aceito.
Maria José Meireles
Improviso muscular…
Com muita frequência
tenho tido ultimamente
cãimbras na alma
reparai
não escrevi
cãimbras no pensamento
cãimbras no pensamento
são próprias do pensamento
toda a gente tem
desde que começa a pensar
as cãimbras na alma
são outra coisa
não têm descrição científica
só literatura
e ainda que inesperadas
como as outras
são contracções tão assintomáticas
que nem parecem contracções
creio que é
o excesso de sensibilidade acumulada
que predispõe a alma ao sofrimento muscular
tenho a certeza de que Dali
Salvador Dali
sofreu a vida inteira de cãimbras na alma
e só por isso se eternizou
magra esmola
para tamanho desconforto.
Ademar
tenho tido ultimamente
cãimbras na alma
reparai
não escrevi
cãimbras no pensamento
cãimbras no pensamento
são próprias do pensamento
toda a gente tem
desde que começa a pensar
as cãimbras na alma
são outra coisa
não têm descrição científica
só literatura
e ainda que inesperadas
como as outras
são contracções tão assintomáticas
que nem parecem contracções
creio que é
o excesso de sensibilidade acumulada
que predispõe a alma ao sofrimento muscular
tenho a certeza de que Dali
Salvador Dali
sofreu a vida inteira de cãimbras na alma
e só por isso se eternizou
magra esmola
para tamanho desconforto.
Ademar
segunda-feira, 13 de abril de 2015
Briga no Beco
Encontrei meu marido às três horas da tarde
com uma loura oxidada.
Tomavam guaraná e riam, os desavergonhados.
Ataquei-os por trás com mãos e palavras
que nunca suspeitei conhecesse.
Voaram três dentes e gritei, esmurrei-os e gritei,
gritei meu urro, a torrente de impropérios.
Ajuntou gente, escureceu o sol,
a poeira adensou como cortina.
Ele me pegava nos braços, nas pernas, na cintura,
sem me reter, peixe-piranha, bicho pior, fêmea ofendida,
uivava.
Gritei, gritei, gritei, até a cratera exaurir-se.
Quando não pude mais, fiquei rígida,
as mãos na garganta dele, nós dois petrificados,
eu sem tocar o chão. Quando abri os olhos,
as mulheres abriam alas, me tocando, me pedindo graças.
Desde então faço milagres.
Adélia Prado
com uma loura oxidada.
Tomavam guaraná e riam, os desavergonhados.
Ataquei-os por trás com mãos e palavras
que nunca suspeitei conhecesse.
Voaram três dentes e gritei, esmurrei-os e gritei,
gritei meu urro, a torrente de impropérios.
Ajuntou gente, escureceu o sol,
a poeira adensou como cortina.
Ele me pegava nos braços, nas pernas, na cintura,
sem me reter, peixe-piranha, bicho pior, fêmea ofendida,
uivava.
Gritei, gritei, gritei, até a cratera exaurir-se.
Quando não pude mais, fiquei rígida,
as mãos na garganta dele, nós dois petrificados,
eu sem tocar o chão. Quando abri os olhos,
as mulheres abriam alas, me tocando, me pedindo graças.
Desde então faço milagres.
Adélia Prado
Improviso para escala num cais qualquer...
Suspende uma palavra
uma palavra apenas
de todos e de cada um
dos fios do teu cabelo
e sai à vida assim
para que todos te leiam
no sentido das nuvens
ou do céu enfim azul
e que nenhuma rosa
da cor da casa tão longínqua
diga mais sobre o tempo
que te habita
do que o poema
que um dia escreverás
para quem não sabias.
Ademar
(Especialmente para a Patrícia e para mim)
uma palavra apenas
de todos e de cada um
dos fios do teu cabelo
e sai à vida assim
para que todos te leiam
no sentido das nuvens
ou do céu enfim azul
e que nenhuma rosa
da cor da casa tão longínqua
diga mais sobre o tempo
que te habita
do que o poema
que um dia escreverás
para quem não sabias.
Ademar
(Especialmente para a Patrícia e para mim)
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Ademar Santos,
Caetano Veloso
domingo, 12 de abril de 2015
Por acaso...
O desejo
a curiosidade
e a saudade
(talvez do futuro)
justificam a presença
do passageiro
que disse ter passado
por acaso.
Maria José Meireles
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